A Queda (1976) – Ruy Guerra e Nelson Xavier * * *
Belo filme que continua o drama dos personagens de Os Fuzis. Agora Xavier e Carvana são pedreiros. Carvana cai do andaime e morre, atrapalhando o sábado. A opção de mostrar os poderosos (os das construtoras envolvidas em uma concorrência do governo, ambas com políticos envolvidos) somente em Still, com as vozes ecoando sobrenaturalmente, é infantil, mas funciona inacreditavelmente. Também a decisão de ilustrar algumas passagens com imagens de Os Fuzis é meio boboca, mas se justifica no pequeno insert dos soldados caminhando, plano fechado nas armas, com caras borradas de esfomeados ao fundo. Ou seja, um filme com problemas tolos, mas que tira deles uma certa força. Isabel Ribeiro, por outro lado, é uma dádiva. Talvez a maior atriz do cinema brasileiro. Seu desempenho é genial, em parte devido à boa mise-en-scène, que permite vôos ousados dos atores. Mise-en-scène devedora de Cassavetes, um primor de planos-seqüências e improvisações, com a câmera perseguindo os atores. Nesse sentido, o brilhante plano-seqüência dentro da casa em construção, em que Isabel Ribeiro e Lima Duarte discutem, observados por Xavier, pode ser considerado o melhor momento do filme. Bem...tem também o momento íntimo do casal no final do filme, com a expressão de Isabel Ribeiro me levando às lágrimas. Tem também a bela canção de Milton Nascimento, com letra de Ruy Guerra (“E Daí?”) que ilustra o drama com perfeição.Lembra o excelente, e posterior, Crônica de um Industrial, de Luiz Rosemberg, que participa do filme, como um dos figurões.
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