Percebi, vendo Cockfighter, que seria uma injustiça deixar Monte Hellman fora dos 100. Assim como falta Cassavetes, mas faz tanto tempo que eu vi Love Streams que preferi deixar pra uma próxima lista. Aí quem sabe eu já tenha cobrido as lacunas e visto os clássicos dele nos anos 70. De Monte Hellman, entrou Ride in the Whirlwind, obra-prima dos anos 60. Mas Cockfighter, assim como Corrida Sem Fim, é desconcertante. Mesmo sacadas meio bobocas e óbvias, como a mudez de Warren Oates revelam-se pertinentes. Ou seja, são ingênuas, mas curiosamente dão muito material para reflexão. Graças em parte à magistral mise-en-scène, e à atuação de Oates, um grande ator. È filosofia esse cinema que se insinua simplório mas nos desarma quando menos esperamos. Nas mãos de Hellman, uma briga de galos em câmera lenta ganha ares épicos, com uma bela música para lhe fortalecer. Dá pra entender porque ele não conseguia financiamento pros seus filmes, e também dá pra entender porque feras como Bruno Andrade e Filipe Furtado endeusam o homem.
sexta-feira, 28 de janeiro de 2005
Postado por Sérgio Alpendre às 18:53
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