terça-feira, 19 de dezembro de 2006



Maria Antonieta, de Sofia Coppola, é bem mais bizarro do que eu esperava. Sim, a trilha é aquela salada pop que todos falaram, com Siouxie and the Banshees, Bow Wow Wow, Adam & the Ants, The Cure e outros oitentistas. Mas a frieza conseguida com essa idéia de colocar músicas pops atuais às vezes é exagerada. Quando engrena, no entanto, o filme flui muito bem. E muito dessa fluência vem, por incrível que pareça, da trilha mais conservadora, mais próxima do que se espera de um filme dessa época (a proximidade da Revolução Francesa). Ou seja, a opção que poderia ser a mais radical de Coppola acaba não sendo tão radical assim, e ainda ameaça ir contra o filme. Mas a estranheza prevalece, principalmente porque não estamos habituados a um filme do século 18 que tenha atuações e entonações que não pretendem disfarçar que estamos no século 21, em pleno revival do início da década de 80. É um filme neo-romântico, como o que Simon Le Bon, o vocalista do Duran Duran, teria feito em 1981. É também um filme desigual e talentoso, o mais fraco de Sofia Coppola, mas disparado o mais arriscado. Tomara que faça sucesso.

obs: o filme foi visto no Cine Olido, dentro de um festival sobre figurinos que promete, em 2007, uma ampla retrospectiva com os filmes de figurinos mais interessantes da história do cinema desde os anos 20. Vamos ver no que dá essa doideira...