quarta-feira, 20 de julho de 2005

- Vendo O Arquivo Confidencial (The Ipcress File, 1965), de Sidney J.Furie , fiquei pensando o quanto o diretor de fotografia Russell Metty teve de participação pra dar um sentido às maluquices de angulações de câmera em The Appaloosa, o filme seguinte do diretor. A trama é melhor que a de Appaloosa, tem grandes atores envolvidos (em especial um Michael Caine inspirado), e um charme típico dos filmes de espionagem dos anos 60, com uma trilha deliciosamente jocosa e um desenrolar seco da história. Mas as maluquices de Furie incomodam mais que no outro filme, fazendo com que o conjunto seja um pouco inferior. Ainda assim, nada desprezível, e melhor que o filme de Ken Russell com o mesmo personagem (Billion Dollar Brain, 1967).

- Tim Burton volta à sua melhor forma em A Fantástica Fábrica de Chocolate, filmado como se hoje fosse 1971, o que é diferente de caracterização de época (já que ele parece não dar muita bola pra isso), e tem mais a ver com uma recriação do que se via/ouvia na época. Para se ter uma idéia, as músicas compostas por Danny Elfman, sem deixar de lembrar Oingo Boingo, remetem à música pop dos anos 70. E tem muito mais...

- Não me incomodo muito com previsibilidade em cinema, mesmo porque é sempre muito salutar observar o que de cinema se despreende da forma com que se lida com a previsibilidade (ex: Crime Verdadeiro, obra-prima de Clint Eastwood). Mas Quarteto Fantástico tem muito pouco a oferecer em matéria de mise-en-scène. Sobra um aglomerado de acontecimentos esperados, com um vilão que não tem atrativo algum para além da caricatura, e um ineficiente aproveitamento na fase da descoberta dos poderes, algo que conferia um charme muito grande aos Homem Aranha do Raimi.