sexta-feira, 8 de julho de 2005

Alguns filmes:

Exílios (Tony Gatlif, 2004) * *
A cena do transe é fundamental para a adesão ao filme. Dura uns bons minutos, e faz com que mergulhemos no drama da argelina que tenta na marra um reencontro com suas raízes. Os momentos em que se busca a poesia a todo custo, mais frequentes no início do filme, são pura concessão ao público do circuito de arte. Mas quando ele afronta e incomoda esse mesmo público, o filme cresce bastante. Gosto muito de tudo que se passa na Argélia, e de algumas coisas pinçadas durante a viagem.

O Amor é Tudo (Loving, de Irvin Kershner, 1970) * *
Um filme de momentos muito belos, com destaque para o belo início, com os créditos aparecendo durante um desentendimento que não ouvimos entre os amantes. Gosto também de quase todos os momentos em que Eva Marie Saint aparece, ela brilha como a esposa do artista amargurado, que não quer compromisso profissional ou sentimental, mas balança quando vê que a amante está em outra (s). O artista é interpretado por George Segal, e não curto muito a interpretação dele, o que talvez explique o meu entusiasmo apenas moderado, apesar de reconhecer que o filme tem grandes momentos.

Revanche Selvagem (The Scalphunters, de Sidney Pollack, 1968) *
Dos filmes iniciais de Pollack, provavelmente esse é o mais fraco. Inferior ao superestimado Essa Mulher é Proibida, e muito inferior ao Defesa do Castelo e A Noite dos Desesperados. Nunca vi The Slender Thread, seu primeiro filme. Em The Scalphunters, Burt Lancaster está canastrão como nunca (como sempre, diriam alguns). Excelente ator, tende ao exagero quando mal dirigido, como é o caso. Incrivelmente, Pollack, que atua bem, e é bom diretor de atores, às vezes pisa na bola nesse aspecto, como com Sean Penn no recente A Intérprete. Em compensação, Ossie davies está magnífico, e é o único bom motivo pra ver o filme. Lancaster está bem melhor em The Swimmer, filme do mesmo ano. Curiosamente, ele se desentendeu com o diretor Frank Perry e Sidney Pollack dirigiu as poucas cenas que faltavam.

A Primeira Vitória (In Harm's Way, de Otto Preminger, 1964) * * * *
Não consigo abordar satisfatoriamente os filmes de Preminger sem uma atenta revisão. Enquanto ela não vem, restam as impressões: um dos filmes mais eróticos dos anos 60 - isso percebe-se já na primeira seqüência - com muitos diálogos que sugerem sexo. John Wayne redescobre o amor, graças a uma enfermeira (Patricia Neal). Muito maior que o patriotismo, alimentado por sua patente elevada na Marinha americana, é sua intenção de ficar mais perto dela, de adequar suas missões à presença dela. tem muito mais que isso, principalmente na relação que Preminger faz com as pessoas no quadro, uma constante em seus filmes rodados em scope.

Lone Wolf and Cub: Baby Cart to Hades (de Kenji Misumi, 1972) * * *
Trata-se de uma série, similar a do Zatoichi, de um samurai que enfrenta seus inimigos levando seu filho, ainda criança. Desconheço o mangá original da série, assim como desconheço suas outras adaptações para o cinema, algumas delas pelo mesmo Kenji Misumi. Mas queria deixar o registro de que o filme é bom demais para passar despercebido. Tem em DVD área 1. Logo, deve ter no emule e quetais.