segunda-feira, 11 de julho de 2005

A Entidade e Superman IV são o suficiente pra deixar qualquer um que ouvir o nome de Sidney J. Furie de cabelo em pé. Um amigo me dizia que The Appaloosa era interessante, mas ele odeia Godard, então eu não levava essa opinião tão a sério. Já que eu queria muito ver A Condessa de Hong Kong (fenomenal), que acaba de chegar na Lasermania, loquei a caixa do Marlon Brando. No mesmo disco, lado B, vem Appaloosa (Sangue em Sonora por aqui). E para minha surpresa o filme é bem mais que interessante.

A proposta de câmera sempre inusitada de Furie pode incomodar em alguns momentos (em especial quando adota o ponto de vista de esporas ou de um cavalo), mas na maior parte do tempo, a proposta é o tipo de enquadramento que Kobayashi e Imamura faziam muito nos anos 60: enviezados, como se fosse a visão subjetiva de alguém que se esconde. Lembrei de O Massacre da Serra Elétrica, o de Tobe Hooper, nas horas de travelling por trás do mato amarelado (ou plantação de alguma coisa - meus conhecimentos agrônomos são abaixo de zero).

Mas Furie constrói muito bem uma atmosfera de insegurança do personagem, que ao contrário do que eu esperava, tem uma interpretação muito boa do Brando. E a cena da queda de braço com os escorpiões é muito boa. Não me incomodo com as cenas de família (se bem que faltou explorar melhor a relação com eles, dando a impressão que o filme deveria ser maior pra dar conta disso). Também não me incomodo com as firulas já mencionadas de câmera, que são bem menos constantes do que eu esperava. É um preço a pagar pelas tentativas de homenagem aos mestres nipônicos.