quinta-feira, 28 de julho de 2005

O primeiro filme de Pere Portabella que vi foi ontem no Olido (que pra minha surpresa não é tão ruim quanto me falaram, conservando quase tudo da antiga sala 3 do cinema Olido - onde vi Pensamentos Mortais...bleargghhh). Cuadecuc, Vampir é um making of picareta e original do Conde Drácula, de Jesus Franco (que não vi). Incomoda pela falta de conexão entre o som e as imagens, e isso é o mais interessante do filme. Também incrível é ver Herbert Lomm de Van Helsing. Por mais que o filme tenha um desleixo disfarçado de experimentação na maior parte do tempo, há momentos em que se acerta em algo, como quando a câmera de Portabella capta a equipe de filmagem de Franco em ação.

terça-feira, 26 de julho de 2005

Micro-pílulas com cotações:

Terra dos Mortos (Romero) * * * * - Hopper tirando caca de nariz.
Superman IV (Furie) 0 - risível de tão ruim.
Em Boa Companhia (Weitz) 0 - saboroso como uma pedra-pomes, um dos filmes mais insípidos dos últimos tempos.
Tin Star (Mann) * * * - Fonda e Perkins, dupla improvável.
Une Vie (Astruc) * * * * - o melhor de renoir com o melhor de ophuls, inacreditável.
Pequenos Espiões (Rodriguez) * * - danny elfman querendo ser gentle giant.
Camelos Também Choram (dois malucos) * * * - Bresson? não sei. Só sei que é belo.

quarta-feira, 20 de julho de 2005

- Vendo O Arquivo Confidencial (The Ipcress File, 1965), de Sidney J.Furie , fiquei pensando o quanto o diretor de fotografia Russell Metty teve de participação pra dar um sentido às maluquices de angulações de câmera em The Appaloosa, o filme seguinte do diretor. A trama é melhor que a de Appaloosa, tem grandes atores envolvidos (em especial um Michael Caine inspirado), e um charme típico dos filmes de espionagem dos anos 60, com uma trilha deliciosamente jocosa e um desenrolar seco da história. Mas as maluquices de Furie incomodam mais que no outro filme, fazendo com que o conjunto seja um pouco inferior. Ainda assim, nada desprezível, e melhor que o filme de Ken Russell com o mesmo personagem (Billion Dollar Brain, 1967).

- Tim Burton volta à sua melhor forma em A Fantástica Fábrica de Chocolate, filmado como se hoje fosse 1971, o que é diferente de caracterização de época (já que ele parece não dar muita bola pra isso), e tem mais a ver com uma recriação do que se via/ouvia na época. Para se ter uma idéia, as músicas compostas por Danny Elfman, sem deixar de lembrar Oingo Boingo, remetem à música pop dos anos 70. E tem muito mais...

- Não me incomodo muito com previsibilidade em cinema, mesmo porque é sempre muito salutar observar o que de cinema se despreende da forma com que se lida com a previsibilidade (ex: Crime Verdadeiro, obra-prima de Clint Eastwood). Mas Quarteto Fantástico tem muito pouco a oferecer em matéria de mise-en-scène. Sobra um aglomerado de acontecimentos esperados, com um vilão que não tem atrativo algum para além da caricatura, e um ineficiente aproveitamento na fase da descoberta dos poderes, algo que conferia um charme muito grande aos Homem Aranha do Raimi.

segunda-feira, 18 de julho de 2005

TOP TOP TOP CHABROL:

1) A Cor da Mentira (Coeur du Mensonge, 1999)
2) Nas Garras do Vício (Le Beau Sèrge, 1959)
3) Entre Amigas (Les Bonnes Femmes, 1960)
4) Os Fantasmas do Chapeleiro (Les Fantômes du Chapelier, 1982)
5) La Fleur du Mal (2003)
6) Os Primos (Les Cousins, 1959)
7) O Açougueiro (Le Boucher, 1970)
8) Ciúme (L'Enfer, 1994)
9) Mulheres Diabólicas (La Cérémonie, 1995)
10) Masques (1987)

segunda-feira, 11 de julho de 2005

A Entidade e Superman IV são o suficiente pra deixar qualquer um que ouvir o nome de Sidney J. Furie de cabelo em pé. Um amigo me dizia que The Appaloosa era interessante, mas ele odeia Godard, então eu não levava essa opinião tão a sério. Já que eu queria muito ver A Condessa de Hong Kong (fenomenal), que acaba de chegar na Lasermania, loquei a caixa do Marlon Brando. No mesmo disco, lado B, vem Appaloosa (Sangue em Sonora por aqui). E para minha surpresa o filme é bem mais que interessante.

A proposta de câmera sempre inusitada de Furie pode incomodar em alguns momentos (em especial quando adota o ponto de vista de esporas ou de um cavalo), mas na maior parte do tempo, a proposta é o tipo de enquadramento que Kobayashi e Imamura faziam muito nos anos 60: enviezados, como se fosse a visão subjetiva de alguém que se esconde. Lembrei de O Massacre da Serra Elétrica, o de Tobe Hooper, nas horas de travelling por trás do mato amarelado (ou plantação de alguma coisa - meus conhecimentos agrônomos são abaixo de zero).

Mas Furie constrói muito bem uma atmosfera de insegurança do personagem, que ao contrário do que eu esperava, tem uma interpretação muito boa do Brando. E a cena da queda de braço com os escorpiões é muito boa. Não me incomodo com as cenas de família (se bem que faltou explorar melhor a relação com eles, dando a impressão que o filme deveria ser maior pra dar conta disso). Também não me incomodo com as firulas já mencionadas de câmera, que são bem menos constantes do que eu esperava. É um preço a pagar pelas tentativas de homenagem aos mestres nipônicos.

sexta-feira, 8 de julho de 2005

Alguns filmes:

Exílios (Tony Gatlif, 2004) * *
A cena do transe é fundamental para a adesão ao filme. Dura uns bons minutos, e faz com que mergulhemos no drama da argelina que tenta na marra um reencontro com suas raízes. Os momentos em que se busca a poesia a todo custo, mais frequentes no início do filme, são pura concessão ao público do circuito de arte. Mas quando ele afronta e incomoda esse mesmo público, o filme cresce bastante. Gosto muito de tudo que se passa na Argélia, e de algumas coisas pinçadas durante a viagem.

O Amor é Tudo (Loving, de Irvin Kershner, 1970) * *
Um filme de momentos muito belos, com destaque para o belo início, com os créditos aparecendo durante um desentendimento que não ouvimos entre os amantes. Gosto também de quase todos os momentos em que Eva Marie Saint aparece, ela brilha como a esposa do artista amargurado, que não quer compromisso profissional ou sentimental, mas balança quando vê que a amante está em outra (s). O artista é interpretado por George Segal, e não curto muito a interpretação dele, o que talvez explique o meu entusiasmo apenas moderado, apesar de reconhecer que o filme tem grandes momentos.

Revanche Selvagem (The Scalphunters, de Sidney Pollack, 1968) *
Dos filmes iniciais de Pollack, provavelmente esse é o mais fraco. Inferior ao superestimado Essa Mulher é Proibida, e muito inferior ao Defesa do Castelo e A Noite dos Desesperados. Nunca vi The Slender Thread, seu primeiro filme. Em The Scalphunters, Burt Lancaster está canastrão como nunca (como sempre, diriam alguns). Excelente ator, tende ao exagero quando mal dirigido, como é o caso. Incrivelmente, Pollack, que atua bem, e é bom diretor de atores, às vezes pisa na bola nesse aspecto, como com Sean Penn no recente A Intérprete. Em compensação, Ossie davies está magnífico, e é o único bom motivo pra ver o filme. Lancaster está bem melhor em The Swimmer, filme do mesmo ano. Curiosamente, ele se desentendeu com o diretor Frank Perry e Sidney Pollack dirigiu as poucas cenas que faltavam.

A Primeira Vitória (In Harm's Way, de Otto Preminger, 1964) * * * *
Não consigo abordar satisfatoriamente os filmes de Preminger sem uma atenta revisão. Enquanto ela não vem, restam as impressões: um dos filmes mais eróticos dos anos 60 - isso percebe-se já na primeira seqüência - com muitos diálogos que sugerem sexo. John Wayne redescobre o amor, graças a uma enfermeira (Patricia Neal). Muito maior que o patriotismo, alimentado por sua patente elevada na Marinha americana, é sua intenção de ficar mais perto dela, de adequar suas missões à presença dela. tem muito mais que isso, principalmente na relação que Preminger faz com as pessoas no quadro, uma constante em seus filmes rodados em scope.

Lone Wolf and Cub: Baby Cart to Hades (de Kenji Misumi, 1972) * * *
Trata-se de uma série, similar a do Zatoichi, de um samurai que enfrenta seus inimigos levando seu filho, ainda criança. Desconheço o mangá original da série, assim como desconheço suas outras adaptações para o cinema, algumas delas pelo mesmo Kenji Misumi. Mas queria deixar o registro de que o filme é bom demais para passar despercebido. Tem em DVD área 1. Logo, deve ter no emule e quetais.

segunda-feira, 4 de julho de 2005

Os filmes de Junho. Como sempre, revisões em negrito.

Séance- Kiyoshi Kurosawa (Cinesesc) * * *
Os Impiedosos – Don Siegel (DVD) * * * *
A Garota da Motocicleta – Jack Cardiff (DVD) 0
Cada um Vive como Quer – Bob Rafelson (DVD) * * *
SWIII – A Vingança dos Sith – George Lucas (Arteplex 3) * *
Três é Demais – Wes Anderson (DVD) * * *
Médico e Amante – John Ford (DVD) * * * *
Rififi – Jules Dassin (DVD) * * *
Fim de Agosto, Começo de Setembro – Olivier Assayas (DVD) * * *
9 Canções – Michael Winterbottom (Arteplex 1) *
Clean – Olivier Assayas (Arteplex 5) * * *
Todo Mundo Quase Morto – Edgar Wright (DVD) *
Batman Begins – Christopher Nolan (Arteplex 1) * *
Pee-Wee’s Big Adventures – Tim Burton (DVD) * *
SWIV, Uma Nova Esperança – George Lucas (DVD) * *
Mulher – Octavio Gabus Mendes (Reserva Cultural 3) * * *
Batman – Tim Burton (DVD) *
Batman Returns – Tim Burton (DVD) * *
Following – Christopher Nolan (DVD) 0
Espanglês – James L. Brooks (DVD) * *
Pele de Asno – Jacques Demy (DVD) * * * *
Heathers – Michael Lehmann (DVD) *
O Guia do Mochileiro das Galáxias – Garth Jennings (Arteplex 6) *
Duas Garotas Românticas – Jacques Demy (VHS) * * * *
Sr. & Sra. Smith - Doug Liman (Arteplex 2) *
Lo Strano Vizio della Signora Wardh - Sergio Martino (DVD) * *
Rios Vermelhos - Mathieu Kassovitz (DVD) *
I Fidanzatti - Ermanno Olmi (DVD) * * * *
A Sombra de uma Dúvida - Alfred Hitchcock (DVD) * * * *
SW5, O Império Contra-Ataca - Irvin Kershner (DVD) * *
SW6, O Retorno do Jedi - Richard Marquand (DVD) * *
The Cat's Meow - Peter Bogdanovich (DVD) * * *