terça-feira, 14 de fevereiro de 2006




Uma das coisas mais comuns quando se faz um filme histórico é sucumbir à força da produção. Figurino, cenário e objetos de cena parecem pesar muito mais do que o ser humano por trás das convenções arcaicas da época, qualquer que seja. Felizmente, Orgulho e Preconceito traduz o universo de Jane Austen com a mesma atenção para o detalhe do humano de Ang Lee em Razão e Sensibilidade. Ainda que no conjunto de elenco o filme de Ang Lee seja bem superior, Joe Wright se beneficia de uma história primorosa, melhor que a de Sense and Sensibility (aliteração perdida no título brasileiro, como em Pride and Prejudice) e de uma câmera que desenha o espaço com muito mais desenvoltura que um Robert Altman. Lembrei-me de Alexandre Astruc, o da câmera-caneta, o que talvez seja um exagero. Mas que o filme é soberbo em muitos aspectos não se pode negar. Além de que é a primeira obra que faz juz ao que falam de Keira Knightley, antes uma sub-Winona Ryder. Donald Sutherland também está genial como o pai compreensivo e ciumento.