- Mais um Masumura, The Black Test Car, interessante, mas inferior ao Mojo (Cega Obsessão). Em scope, com aqueles enquadramentos típicos da nouvelle vague japonesa (apelidada por aqui de Nuberu Bagu), e que Kobayashi era mestre supremo, mas Imamura também dominava. Parece um piloto pra alguma série dos anos 60, com montagem esperta e trama envolvendo espionagem industrial. Um humor bizarro e inesperado é o que de melhor fica após a projeção.
- Triste dizer, mas Coisa de Mulher é tão ruim quanto estão falando. Evandro Mesquita é responsável por salvar o filme do título de pior brasileiro dos últimos tempos. Título que é dividido entre Cama de Gato e Viva Voz.
- Harmada (Capovilla) é um bom filme, apesar dos inúmeros problemas. Um deles atinge em cheio quem não é muito chegado em teatro, pois o gestual que os atores insistem em passar para o dia-a-dia deles é incorporado por Pereio e os outros atores, fazendo com que as empostações de palco acompanhem os personagens durante a primeira metade do filme. Depois disso, a comparação com João Cesar Monteiro é inevitável, e as elipses são muito bem trabalhadas, fortalecendo a reclusão do personagem e fazendo do ator solitário a personificação de um teatro mambembe e grandioso ao mesmo tempo. Algo que já não parece mais possível, a não ser na mente transgressiva dele.
- E o que dizer de Penetras Bons de Bico? Um timing absurdamente genial pra comédia, com os cortes valorizando cada piada ("I'm Sorry?"), os diálogos sendo máquina voraz de demolição dos clichês. Um belo trabalho de quadro, quase tão bom quanto o dos irmãos Farrelly, valorizando o humor físico (como bem notou o Chiko) de Owen Wilson e Vince Vaughn com Christopher Walken e Will Ferrell se juntando aos mágicos comediantes numa festa aberta da turma, para que todo seu público se divirta.
quinta-feira, 8 de setembro de 2005
Postado por Sérgio Alpendre às 23:57
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