sábado, 27 de agosto de 2005

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- Algum frequentador da Lasermania deixou Badlands do Terrence Malick em primeiro lugar na fileira. Quem será? Como havia prometido uma revisão do filme, mordi a isca. Acabei de rever o filme e devo confessar que gostei muito. Já não chamo mais o Malick de embusteiro, pois era justamente com esse filme que eu encrencava mais. Filme livre, solto e fluente, carregado com maestria de um armador antigo, tipo Adhemir da Guia, ou, em alguns momentos, Rivelino. (hehe...esse comentário futebolístico foi uma homenagem ao Cláudio). Martin Sheen está ótimo. E lembrei que ainda não vi Honeymoon Killers, filme que tenho gravado desde 1997, mais ou menos.

- Casa Vazia é o melhor filme de Kim Ki-Duk. Se continuar progredindo, talvez consiga fazer um bom filme, coisa que ele consegue em poucos momentos aqui. Um desses momentos é o belo final, depois da partida do marido, e antes daqueles dizeres desnecessários. O começo é muito ruim, com algum resquício da vontade do choque pelo choque, presente em seus filmes desde A Ilha, e um tanto ausente do resto de Casa Vazia, e do filme anterior, Primavera, Verão, Outono, Inverno...e Primavera (filme que está para o cinema como a Enya está para a música - é ruim, mas superior ao Endereço Desconhecido). Há uma interessante elegia da solidão (presente também no filme do tópico acima, aliás), e se Kim Ki-Duk não explora esse tema com tanto sucesso, pelo menos ele demonstra sinceridade em mergulhar no silêncio dos protagonistas, arma de defesa desses seres perdidos porque não encontram um sentido nas suas vidas. O cinema new-age do diretor consegue subir mais um degrau.

- Sobre 2 Filhos de Francisco não tenho muito a dizer além da ótima crítica do Ruy para a Contracampo. Para o Filipe pegar no meu pé, vou traçar, então, um breve paralelo entre com a música. Como a sonoridade dos irmãos Camargo mudou com a ida deles para a capital paulista, deixando de ser autenticamente caipira para ser urbana e híbrida, fazendo enorme sucesso a despeito de desagradar teóricos musicais, pessoas de gosto médio e pessoas do campo pela quase ausência de raíz, ou pela simplicidade de arranjos e letras, também o filme mudou do marrom poeira das estradas de terra para o cinza concreto da urbanidade, voltando à terra para um bobo final saudosista. Mas é um belo filme em muitos pontos, e seus problemas são facilmente encobertos pela paixão envolvida na direção de Breno Silveira. Travellings e elipses não me incomodaram nem um pouco.

- Tão Distante foi a confirmação que tive de que o diretor Hirokazu Kore-Eda é superestimado. Cria planos com um rigor absurdo de enquadramento, mas dá um zoom bizarro e agressivo. O corte vem num tempo estranho, como se ele se esforçasse ao máximo para invalidar todo o rigor de câmera (algo que reparei também na revisão de Depois do Fim). Poderia ser interessante, mas é apenas frustrante.

- A Premiere USA de setembro tem uma matéria muito interessante com os 20 filmes mais superestimados de todos os tempos. Um redator levanta a lebre, outro defende o cânone. Os filmes: 2001, Forrest Gump, E O Vento Levou, Jules et Jim, Beleza Americana e por aí vai. O link: www.premiere.com