Falar que Sin City é mais quadrinho que cinema é um desvio um tanto viajante. Criar o que está implícito numa seqüência de quadros de HQ não é tão simples assim, e o grande feito de Rodriguez e Miller foi fazer algo bem fiel às histórias originais e ainda ser grande cinema. O movimento sugerido pelos quadrinhos nunca será o mesmo, ainda que tenha a supervisão de seu criador. E desprezar a movimentação dos atores no quadro é desprezar uma das maiores características cinematográficas: a escolha, por vezes intuitiva, dos elementos que aparecerão enquadrados. O limite da tela sendo preenchido. Luz e sombra, ritmo incessante, cadências raras e bem colocadas, um raro experimento bem sucedido na aceleração constante de sucessão de imagens. Marv é um dos grandes personagens de Mickey Rourke, e é o personagem mais interessante do filme. Carla Gugino (já excelente em Olhos de Serpente), prova que nasceu para filmar com Rodriguez (lembrando dos Spy Kids). E a grande sacada foi escalar Elijah Wood como um dos vilões, justamente o mais enigmático deles. É o melhor filme de Robert Rodriguez.
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