Posts acumulados:
- Algum frequentador da Lasermania deixou Badlands do Terrence Malick em primeiro lugar na fileira. Quem será? Como havia prometido uma revisão do filme, mordi a isca. Acabei de rever o filme e devo confessar que gostei muito. Já não chamo mais o Malick de embusteiro, pois era justamente com esse filme que eu encrencava mais. Filme livre, solto e fluente, carregado com maestria de um armador antigo, tipo Adhemir da Guia, ou, em alguns momentos, Rivelino. (hehe...esse comentário futebolístico foi uma homenagem ao Cláudio). Martin Sheen está ótimo. E lembrei que ainda não vi Honeymoon Killers, filme que tenho gravado desde 1997, mais ou menos.
- Casa Vazia é o melhor filme de Kim Ki-Duk. Se continuar progredindo, talvez consiga fazer um bom filme, coisa que ele consegue em poucos momentos aqui. Um desses momentos é o belo final, depois da partida do marido, e antes daqueles dizeres desnecessários. O começo é muito ruim, com algum resquício da vontade do choque pelo choque, presente em seus filmes desde A Ilha, e um tanto ausente do resto de Casa Vazia, e do filme anterior, Primavera, Verão, Outono, Inverno...e Primavera (filme que está para o cinema como a Enya está para a música - é ruim, mas superior ao Endereço Desconhecido). Há uma interessante elegia da solidão (presente também no filme do tópico acima, aliás), e se Kim Ki-Duk não explora esse tema com tanto sucesso, pelo menos ele demonstra sinceridade em mergulhar no silêncio dos protagonistas, arma de defesa desses seres perdidos porque não encontram um sentido nas suas vidas. O cinema new-age do diretor consegue subir mais um degrau.
- Sobre 2 Filhos de Francisco não tenho muito a dizer além da ótima crítica do Ruy para a Contracampo. Para o Filipe pegar no meu pé, vou traçar, então, um breve paralelo entre com a música. Como a sonoridade dos irmãos Camargo mudou com a ida deles para a capital paulista, deixando de ser autenticamente caipira para ser urbana e híbrida, fazendo enorme sucesso a despeito de desagradar teóricos musicais, pessoas de gosto médio e pessoas do campo pela quase ausência de raíz, ou pela simplicidade de arranjos e letras, também o filme mudou do marrom poeira das estradas de terra para o cinza concreto da urbanidade, voltando à terra para um bobo final saudosista. Mas é um belo filme em muitos pontos, e seus problemas são facilmente encobertos pela paixão envolvida na direção de Breno Silveira. Travellings e elipses não me incomodaram nem um pouco.
- Tão Distante foi a confirmação que tive de que o diretor Hirokazu Kore-Eda é superestimado. Cria planos com um rigor absurdo de enquadramento, mas dá um zoom bizarro e agressivo. O corte vem num tempo estranho, como se ele se esforçasse ao máximo para invalidar todo o rigor de câmera (algo que reparei também na revisão de Depois do Fim). Poderia ser interessante, mas é apenas frustrante.
- A Premiere USA de setembro tem uma matéria muito interessante com os 20 filmes mais superestimados de todos os tempos. Um redator levanta a lebre, outro defende o cânone. Os filmes: 2001, Forrest Gump, E O Vento Levou, Jules et Jim, Beleza Americana e por aí vai. O link: www.premiere.com
sábado, 27 de agosto de 2005
Postado por Sérgio Alpendre às 02:34 |
sexta-feira, 19 de agosto de 2005
Um Filme Como os Outros (1968) *+
Sons Britânicos (1969) * * *
Vladimir e Rosa (1971) * * *
Os três Godard/Gorin acima tem coisas em comum. Todos são panfletários, engraçados, chatos e contraditórios, em maior ou menor medida. Um Filme Como os Outros é o mais chato, disparado. Três belos planos que se repetem à exaustão, intercalados por imagens captadas em p&b e conversas revolucionárias de todos os tipos. Sons Britânicos incorpora o teor revolucionário em sua forma, e tem um belo travelling de saída. Colagens cheias de sarcasmo dá conta dos ideias maoistas do grupo Dziga Vertov, mas também ri de suas próprias contradições, como acontece também em Vento do Leste, e é fundamental para que o panfleto seja palatável. Vladimir e Rosa é o mais engraçado. Uma autêntica revolução formal, que antecipa algumas tomadas corajosas de Tout Va Bien, como levar o termo "rir de si mesmo" ao limite máximo, muito perto do ridículo. Godard engatinha, é empurrado, Gorin dá broncas, e a equipe é testemunhada pela câmera com despudor e auto-crítica. O mais ridiculamente panfletário, mas também o mais comovente em sua tentativa de entender todos os tiques do grupo. E Juliet Berto está um assombro de tão bela.
Postado por Sérgio Alpendre às 17:39 |
segunda-feira, 15 de agosto de 2005
O mongol aqui esqueceu de colocar La Niña Santa entre os dez melhores da lista abaixo. Sem saber qual filme tirar, peço que incluam o filme de Martel dividindo a terceira posição com O Aviador e Terra dos Mortos. Pra não fazer besteira e tirar um Burton ou um Assayas. Depois eu decido qual sai, porque de dez não passa.
Postado por Sérgio Alpendre às 18:25 |
sábado, 13 de agosto de 2005
Parcial MELHORES DO ANO:
filmes que estrearam em circuito em 2005 e que sejam deste século.
Menina de Ouro (Nota 10)
Um Filme Falado (10)
Terra dos Mortos (9,5)
O Aviador (9,5)
Trouble Every Day (9)
Sin City (9)
A Fantástica Fábrica de Chocolate (9)
Clean (9)
Bom Dia Noite (9)
Nossa Música (9)
No dia do desempate de tudo isso aí eu vou ficar maluco
Postado por Sérgio Alpendre às 17:55 |
terça-feira, 9 de agosto de 2005
Talvez Éric Rohmer consiga tanto de suas atrizes porque fala de coisas que geralmente se encontram adormecidas em todas elas, mas que só se externizam no momento da filmagem. Porque é realmente impressionante o que ele consegue extrair de Emmanuelle Chaulet em O Amigo de Minha Amiga, em cartaz no Top Cine. A atriz foi coadjuvante em Chocolat, filme de Claire Denis no ano seguinte (1988) ao filme do Rohmer, mas interpretou poucos papéis, nenhum outro de destaque, em filmes de pouco alcance comercial. A que se deve sua magistral interpretação? Por que motivo ficamos em prantos com suas desventuras amorosas? O filme é o sexto e último de sua série de Contos e Provérbios. O filme anterior da série é a obra-prima O Raio Verde. Se é necessária alguma prova do gênio desse cineasta ainda incompreendido em alguns círculos, ela está no meio da Av. Paulista até o final da semana.
Postado por Sérgio Alpendre às 18:51 |
quinta-feira, 4 de agosto de 2005
Falar que Sin City é mais quadrinho que cinema é um desvio um tanto viajante. Criar o que está implícito numa seqüência de quadros de HQ não é tão simples assim, e o grande feito de Rodriguez e Miller foi fazer algo bem fiel às histórias originais e ainda ser grande cinema. O movimento sugerido pelos quadrinhos nunca será o mesmo, ainda que tenha a supervisão de seu criador. E desprezar a movimentação dos atores no quadro é desprezar uma das maiores características cinematográficas: a escolha, por vezes intuitiva, dos elementos que aparecerão enquadrados. O limite da tela sendo preenchido. Luz e sombra, ritmo incessante, cadências raras e bem colocadas, um raro experimento bem sucedido na aceleração constante de sucessão de imagens. Marv é um dos grandes personagens de Mickey Rourke, e é o personagem mais interessante do filme. Carla Gugino (já excelente em Olhos de Serpente), prova que nasceu para filmar com Rodriguez (lembrando dos Spy Kids). E a grande sacada foi escalar Elijah Wood como um dos vilões, justamente o mais enigmático deles. É o melhor filme de Robert Rodriguez.
Postado por Sérgio Alpendre às 17:10 |
segunda-feira, 1 de agosto de 2005
Filmes de Julho (revisões em negrito):
Os Incríveis - Brad Bird (DVD) * * *
Wimbledon - Richard Loncraine (DVD) *
Um Show de Vizinha - Luke Greenfield (DVD) *
A Queda- As Ultimas Horas de Hitler - Oliver Hirschbiegel (Cinearte 1) *
Guerra dos Mundos - Steven Spielberg (Bristol 1) *
A Primeira Vitória - Otto Preminger (DVD) * * * *
Lizard in a Woman's Skin - Lucio Fulci (DVD) * * *
Lilith - Robert Rossen (DVD) * *
Exílios - Tony Gatlif (R.Cultural 2) * *
Inconscientes - Joaquin Oristrell (Top Cine 1) * *
O Amor é Tudo - Irvin Kershner (DVD) * *
Revanche Selvagem - Sidney Pollack (DVD) *
Baby Cart to Hades - Kenji Misumi (DVD) * * *
A Condessa de Hong Kong - Charles Chaplin (DVD) * * * *
Sangue em Sonora - Sidney J. Furie (DVD) * * *
Uma Garota Encantada - Tommy O'Haver (DVD) *
Bande à Part - Jean-Luc Godard (VHS) * * * *
Nós Não Envelheceremos Juntos - Maurice Pialat (VHS) * * *
American Pie - Paul Weitz (DVD) *
O Rato na Lua - Richard Lester (DVD) * *
O Diabo a Quatro - Alice de Andrade (Arteplex 7) *
Corações e Mentes - Peter Davis (Cinesesc) * *
Noite e Neblina - Alain Resnais (DVD) * * * *
Entre Amigas - Claude Chabrol (DVD) * * * *
Quarteto Fantástico - Tim Story (Arteplex 1) *
Kung-Fusão - Stephen Chow (Arteplex 4) *
American Pie 2 - J.B.Rogers (DVD) *
A Fantástica Fábrica de Chocolate - Burton (Arteplex 2) * * *
Caiu do Céu - Danny Boyle (Arteplex 8) *
O Arquivo Confidencial - Sidney J.Furie (DVD) * *
Em Boa Companhia - Paul Weitz (DVD) 0
Terra dos Mortos - George Romero (Arteplex 6) * * * *
Os Aventureiros do Bairro Proibido - John Carpenter (DVD) * *
Superman IV - Sidney J.Furie (DVD) 0
O Homem dos Olhos Frios - Anthony Mann (DVD) * * *
Pequenos Espiões - Robert Rodriguez (E.Unibanco 4) * *
Camelos Também Choram - Byambasuren Davaa & Luigi Falorni (E.Unibanco 1) * * *
Une Vie - Alexandre Astruc (VHS) * * * *
Cuadecuc, Vampir - Pere Portabella (Olido) * *
Terra dos Mortos - George Romero (Arteplex 6) * * * *
Superoutro - Edgard Navarro (VHS) * * *
Faces - John Cassavetes (DVD) * * * * * * * *
Postado por Sérgio Alpendre às 15:51 |