O novo filme de Sérgio Bianchi, Quanto Vale ou é por Quilo?, tem causado celeuma por aí. Muitos aplaudiram com entusiasmo, mesmo fora de SP (sempre achei que ele fosse odiado por todos fora desta capital empoeirada). Meus amigos na Contracampo, pelo menos os que se manifestaram (e excetuando o Cleber Eduardo), odiaram o filme, achando a pior coisa desde Contra Todos. Sempre vejo algo interessante nos filmes do Bianchi, e esse não foi exceção. Se bem que, diferente de Cronicamente Inviável, em que a proporção era um pouco mais favorável, nesse novo filme para cada plano interessante tinha um ultrajante, às vezes consecutivamente. Achei realmente interessante o momento do carro atolado na favela, com os traficantes ajudando os figurões. A interpretação de Caco Ciocler, e a inteligente composição de seu personagem também é digno de nota. Mas alguns traços sensacionalistas aborrecem muito, principalmente na insistência em mostrar excreções humanas. E até Bianchi aderiu à moda do final esperto e dúbio. O filme está muito longe de ser execrável, mas não chega a ser bom. Em tempos de covardia estética e ideológica, é filme que cutuca, incomoda, não tem medo de errar (e erra demais, mas acerta em algumas coisas também). Pode-se argumentar que Cama de Gato, Contra Todos, 1-99 são todos filmes em que essas características podem ser notadas (o que me parece um desvio no olhar, já que são filmes feitos para se provar que algo- a sociedade, o Brasil - não presta). Mas em Bianchi, que filma bem, ao contrário dos outros, a necessidade do choque passa pelo risco, pela fúria (que me parece genuína) e pelo desespero, coisas muito humanas). É subjetivo, eu sei, mas desistiria de ver filmes se acreditasse que ser subjetivo é algo nocivo em blogues, ou mesmo na crítica.
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