quinta-feira, 6 de julho de 2006



Revi Valentin (2002, de Alejandro Agresti) por acaso hoje no canal Cinemax. Agresti fez um filme bem maluco, com toques surrealistas, em 1992: El Acto en Cuestión (que ionfelizmente não tem no emule). Foi o meu primeiro contato com o cinema fascinante desse diretor. Depois de filmar uma capital dividida entre a crise econômica e sustentação de sua identidade em Buenos Aires Vice-Versa, seu cinema ficou mais e mais comercial, muitas vezes chegando, e até passando, os limites da sacarina pura. Valentin talvez seja seu melhor trabalho nessa linha, melhor até que El Viento se Llevo lo Que. Há melodrama, mas há também a leveza cômica e delirante de uma criança imaginativa. Cenas como essa acima, dentro de uma sala de cinema, servem para mostrar o talento do diretor para extrair dos atores algo único, que faz juz às riquezas dos sentimentos. Sem contar que ele não precisa ser muito explicativo sobre a data em que a história se passa (1969), porque há o clima, as coisas não ditas, as situações que se deixam entreolhar pela reação dos personagens. Valentin é um filtro, que recebe pancadas, mas as absorve, entregando sua maneira doce de ver o mundo para as pessoas a seu redor. Um filme raro, pelo que tem de arriscado e simples ao mesmo tempo. Talvez arriscado até por não temer a simplicidade. Daí se extrai muita poesia, mas nunca a priori, nunca forçada goela abaixo, mesmo quando a música ameaça ir nesse sentido. Um primor de direção de Agresti, que logo mais chega nos cinemas com seu novo filme, A Casa do Lago, filmado nos EUA.