Desde que me encantei com Femme Fatale, resolvi reavaliar a obra de Brian de Palma. Revi Síndrome de Caim, com o qual nutria franca antipatia, e gostei bastante. Revi também Olhos de Serpente, e gostei mais ainda. Ontem foi a vez de A Fúria, filme de 1978 com Kirk Douglas e Amy Irving. Fantástico. Impressionante como de Palma brinca com gêneros, do filme de espionagem à comédia, desembocando num terror exasperante sobre mediunidade e poder. A câmera do diretor, sempre inquieta, convida-nos a esse redemoinho (reparem a quantidade de travellings circulares que existem no filme) que envolve os personagens e acaba por nos deixar sem chão. A passagem de Kirk por aquela casa dos idosos é inteiramente cômica. Já o encontro do pai com o filho e a seqüência final com Irving e John Cassavettes (com atuação excelente) são de um terror muito bem construído. A cena final faz com que nos perguntemos aonde ele vai chegar...e ele vai até o fim. Ainda prefiro Scanners (filme irmão realizado por Cronenberg), mas A Fúria está bem perto da genialidade.
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