quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

O Rosto de um Outro (Tanin no Kao, 1966), de Hiroshi Teshigahara
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Vendo esse filme fica fácil perceber que Teshigahara, junto de Kiju Yoshida, foram os cineastas japoneses que mais se embebedaram dos franceses da nouvelle vague. Vi A Mulher das Dunas sem legendas no CCSP (circa 1993). No programa informava que tinha legendas, e aí eu fui e me danei. Lembro apenas do abuso do zoom. O Rosto de um Outro não é diferente. Há, na verdade, um certo abuso dos tiques da época: zooms rápidos, congelamentos de imagem, flashbacks cortantes. Mas eu já disse aqui que não ligo nem um pouco para o fato de um filme ser datado. O cenário da foto é do consultório do psiquiatra, cientista louco que resolve fazer uma máscara usando o molde de um outro rosto. Ele acredita que a máscara muda a personalidade da pessoa, e é a responsável pelo comportamento diferente do paciente. As melhores cenas são as que mostram a relação dele com a mulher, principalmente no reencontro, antes de sabermos se a mulher sabe que é ele ou não. O uso da música, ora clássica, ora abstrata, realça as alternâncias de humor do personagem, mas às vezes briga justamente pelo contrário. Parece que a música é colocada - incidental ou não - para acalmar o personagem, ou para irritá-lo. Brilhante, nesse sentido, é o show da cantora no bar alemão. Ela olha para a câmera - para ele? - de um jeito inquisitivo, como se quisesse saber o que está por trás daquela máscara que ela não vê, mas intui. O filme se divide claramente entre antes e depois desse show, e essa divisão é marcada por cenas que se repetem, quadro a quadro, simbolizando o espelho que deve ser vencido para que ele assuma sua nova vida. Seduzir sua própria mulher seria apenas o começo. O ideal é a liberdade eterna, a solidão recompensadora de uma mente que se prepara para cometer o que antes era crime. Apesar dos cacoetes, ficamos com o personagem até o fim.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

O Telecine Cult às vezes surpreende. Hoje passou Os Visitantes (The Visitors, 1972), penúltimo filme de Elia Kazan, feito depois de um de seus trabalhos mais interessantes e subestimados: The Arrangement (Movidos pelo Ódio), de 1969. É a estréia de James Woods no cinema, como um soldado que delatou colegas na corte marcial. Nem preciso dizer o quanto o tema da delação é caro ao diretor, ele mesmo um delator forçado durante o macartismo (aquela coisa de confirmar nomes). Em Os Visitantes, escrito pelo filho Chris Kazan, a coisa se complica um pouco mais. É a mulher que cataliza tudo. Ela exige uma reação do marido à visita dos denunciados, e quando essa reação acontece ela percebe que não dá conta da força e do vigor das emoções que se manifestam com intensidade pelos heróis de guerra. Patrick McVey faz o sogro escritor e beberrão, que não entende a apatia do genro. Uma espécie de Hemingway desiludido com as opções da filha. Filmado em super 16mm, em um casarão de Connecticut.

Daqui a algumas horas o Telecine Cult anuncia John e Mary, filme de Peter Yates que comentei aqui outro dia. Se passarem em tela cheia vão fazer um desserviço à cinefilia. Mas vale a pena arriscar.

Outros filmes vistos de Elia Kazan:

Laços Humanos (A Tree Grows in Brooklin, 1945) * * * * *
A Luz é Para Todos (Gentlemen's Agreement, 1947) * * *
Pânico nas Ruas (Panic in the Streets, 1950) * * *
Um Bonde Chamado Desejo (A Streetcar Named Desire, 1951) * * * *
Viva Zapata (1952) * * * *
Os Saltimbancos (Man on a Tightrope, 1953) * * *
Sindicato de Ladrões (On The Waterfront, 1954) * * * *
Vidas Amargas (East of Eden, 1955) * * * * *
Boneca de Carne (Baby Doll, 1956) * * * *
Um Rosto na Multidão (A Face in the Crowd, 1957) * * * * *
Rio Violento (Wild River, 1960) * * * *
Clamor do Sexo (Splendor in the Grass, 1961) * * * *
A Terra do Sonho Distante (America America, 1963) * * *
Movidos pelo Ódio (The Arrangement, 1969) * * * *
Os Visitantes (The Visitors, 1972) * * *
O Último Magnata (The Last Tycoon, 1976) * *

obs: muitos aí eu vi há muito tempo, e estão com a validade da apreciação vencida.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008


Dois filmes de fórmula.
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Em Juno (acima), de Jason Reitman (sim, filho de Ivan Reitman), ainda há o disfarce de criar toda uma situação que tira a adolescente, à fórceps, do ambiente colegial - o que dá certa pena, porque eu adoro ver filmes que se passa nesse ambiente. Mas é cheio de cálculos para ser fofinho, cheio de vinhetinhas bonitinhas e animadas, que pontuam o filme pelas quatro estações do ano. E não passa de um previsível subproduto de Sundance. Quer ser moderninho, mas no fundo é bem conservador. E é inferior ao longa de estréia do diretor, o espertalhão Obrigado por Fumar.
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Antes de Partir (no alto), de Rob Reiner, até me enganou por um tempo, porque levou mais de meia hora de filme para que os doentes terminais resolvessem aproveitar a vida, e esse contraste da intenção dos personagens com o andamento da narrativa me intrigava. Depois se mostrou preguiçoso, com a adequação às fórmulas mais rasteiras do "filme de mensagem", com direito até a uma montagem paralela ridícula contrapondo a felicidade de Morgan Freeman no reencontro da família - com mesa farta e todos servidos de uma boa comida caseira, à tristeza do milionário Jack Nicholson, sozinho em sua casa, incapaz de abrir uma comida comprada pronta em supermercado.

domingo, 24 de fevereiro de 2008


Duas imagens de Rito de Amor e Morte (Yukoku, 1966), de Yukio Mishima. A primeira ocorre logo após o golpe fatal do marido que se suicida, e o sangue escuro, culpado, espirra no kimono branco da mulher, numa tela branca, na pureza. A segunda ocorre depois do golpe fatal da mulher, que deseja acompanhar o marido no rito. O sangue claro na roupa escura do marido. A pureza da mulher se junta à desonra de seu homem, militar fracassado. O filme tem 29 minutos, não tem diálogos, e é todo pontuado por "Tristão e Isolda", de Wagner. Buñuel deve ter adorado. Poderia até ser considerado, com certa liberdade, o L'Age D'Or japonês. Deu vontade de rever o Mishima de Paul Schrader.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008


Como filmar uma colônia de leprosos? Corre-se o risco da acusação de exploração do sofrimento alheio. Ao mesmo tempo, como não dar atenção aos que necessitam, brigar pelo direito que eles (os leprosos) têm de serem respeitados e vistos como pessoas? A lepra tem cura, repete o poema recitado no filme. Forough Farrokhzad, poetisa iraniana falecida em 1967, ousou arriscar, com auxílio da Sociedade de Apoio aos Leprosos. O filme é de 1962, e se chama La Maison est Noire. É um curta metragem de 22 minutos, de imagens desconcertantes e muito bonitas. Farrokhzad ficou amiga dos leprosos, e chegou a adotar a criança de um casal da colônia. Seu poema "Le Vent Nous Emportera" (O vento nos levará) está no filme de Kiarostami.

No link abaixo dá para ver um trecho de dois minutos e meio do filme:

http://video.aol.com/video-detail/la-maison-est-noire-forough-farrokhzad/96192327

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Os Amantes de Montparnasse (Montparnasse 19, 1957), de Jacques Becker
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Corrigindo outra grave lacuna cinematográfica de minha parte. É o penúltimo filme de Jacques Becker, inferior ao último, A Um Passo da Liberdade, mas superior ao antepenúltimo, As Aventuras de Arsène Lupin. Queria colocar um cartaz que achei por aí, com Lino Ventura como a grande atração do filme, mas o blogger não aceitou. Por que Lino Ventura? Primeiro porque Gérard Philipe não é um grande ator, como muita gente considera. Ele dá o máximo, e tem até uma de suas maiores performances como o pintor Modigliani, mas quando Anouk Aimée está em cena ninguém quer olhar para Philipe. Não digo isso simplesmente como um homem admirando uma mulher bonita. A questão é de presença de cena. Aimée brilha diante da câmera, e se torna mais bela do que ela realmente é por causa dessa fotogenia. Philipe não. Ele sua, se embebeda, cai pelas tabelas, mas nunca deixa de parecer um príncipe brincando de teatrinho. Não compromete, mas também não acrescenta.

Lino Ventura é a razão de ser do filme. A ausência mais presente. É a morte, o merchand que quer se aproveitar da fraqueza do pintor, para lucrar com seus quadros quando ele morrer. É o cara que fica à espreita, um lobo devorador, posando de anjinho. Uma presença de filme de terror, e não é a toa que o filme termine com ele olhando os quadros, na frente da mulher que nem sabe que já é viúva. Um homem assustador. Uma outra seqüência é torturante: quando Modigliani, a mulher e o melhor amigo oferecem quadros a um milionário americano. Ali, naquele curioso boçal, estão presentes todas as características abominadas pelo pintor: a soberba, o exibicionismo, a ambição. Nessa pequena cena a humilhação pela qual Modigliani passa não é humana, é algo que viria a ser praxe nos dias de hoje, uma humilhação vinda da força acultural, da pujança do raso, do pragmático, do racional.

"A arte alemã terminará, completamente morta, por se tornar incapaz de perceber outra coisa além de si própria. Os que permanecem acordados devem esperar, cedo ou tarde, que lhe arrebentem a cara. Nesse dia, os que vão bater esperam, aliás com razão, que os que apanharem coloquem dentes de ouro e cantem canções de amor. Quanto aos poucos restantes, nossa sociedade dispõe ainda de alguns singelos recursos para se proteger: as drogas, por exemplo. E resta ainda a possibilidade de ser suicidado."

Rainer Werner Fassbinder

Algumas recentes audições motivaram dois recentes posts no melomania. Confiram em:

http://melomania.blogspot.com

Parceiros da Noite (Cruising, 1980), de William Friedkin
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Esse eu só tinha visto dublado e, suspeito, cheio de cenas censuradas. Algumas cenas são fichinha perto do que alguns diretores já haviam feito; outras sugerem coisas pesadas, daquelas que só se encontra em cinema extremo. Friedkin nunca havia ido tão longe na perturbação que acomete o herói. Al Pacino de fato fica incomodado com a missão. Ele termina o filme de modo muito diferente de como começou. Daí, pode-se interpretar duas coisas excludentes: a) Friedkin enxerga o homossexualismo como uma doença contagiosa, que não poupa o mais empedernido dos homens (se é que se pode dizer isso do personagem, pois ele se abre muito fácil à afetação do local que precisa frequentar); b) o homossexualismo é algo que se descobre um dia, e bastou a necessidade para que Pacino descobrisse a preferência sexual que ele, instintivamente, queria esconder. Não é um filme fácil de ser taxado, como queriam alguns bobocas na época. Friedkin é esperto o suficiente para embaralhar sua visão de mundo com a visão que o protagonista deve ter, e com essa ambiguidade ficamos perturbados também, porque não temos as respostas fáceis que se esperam de filmes policiais mais comuns. O olhar de Pacino no espelho é o mais próximo de conclusivo a que o filme chega, e isso é saudavelmente incômodo.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

http://www.uframe.org/

Link para um novo festival de video em Porto que parece bem interessante.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Paul Thomas Anderson x Joel & Ethan Coen

(ou: como manter o blog sempre atualizado)

PTA:

Hard Eight (1996) * * *
Boogie Nights (1997) * * *
Magnolia (1999) * *
Embriagado de Amor (Punch-Drunk Love, 2002) * *
Sangue Negro (There Will Be Blood, 2007) * * *

COEN:

Gosto de Sangue (Blood Simple, 1984) * * *
Arizona Nunca Mais (Raising Arizona, 1987) * * *
Ajuste Final (Miller's Crossing, 1990) * * * *
Barton Fink (1991) * * * *
A Roda da Fortuna (The Hudsucker Proxy, 1994) * * *
Fargo (1996) * * *
O Grande Lebowski (The Big Lebowski, 1998) * *
E Aí, Irmão, Cadê Você (O Brother Where Art Thou, 2000) * *
O Homem Que Não Estava Lá (The Man Who Wasn't There, 2001) *
O Amor Custa Caro (Intolerable Cruelty, 2003) *
Matadores de Velhinhas (The Ladykillers, 2004) * *
Onde os Fracos Não Têm Vez (No Country For Old Men, 2007)
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sábado, 16 de fevereiro de 2008

A primeira metade de Sangue Negro (There Will Be Blood, 2007), de Paul Thomas Anderson, é um primor. Fiquei com a impressão de que veria o melhor filme do diretor, disparado. Quando o menino é mandado embora, logo após a chegada do falso irmão, algo começa a desandar. O Daniel Plainview de Daniel Day-Lewis se torna unicamente cruel, e as comparações com outro personagem tornam-se inevitáveis. É como se PTA quisesse deixar clara a homenagem a Scorsese e a Bill the Butcher, personagem vivido pelo mesmo ator em Gangues de Nova York, e acentuasse todas as características do perfurador de poços que sugerissem a semelhança com aquele personagem marcante. Em um filme (o de Scorsese), é o medo e a violência impondo respeito e conquistando a costa leste da América. No outro, é quase a mesma coisa na costa oeste, com a diferença de que a ascensão financeira é muito mais salientada e, parece, também mais almejada pelo personagem. Sugere ainda uma segunda conquista desse oeste, agora muito mais sob o espectro da ambição do que do progresso que se seguiu à Guerra Civil Americana. Esse aumento de intensidade da maldade no protagonista faz com que Sangue Negro termine soando derivativo, e faz com que perca parte de sua força. Não ajuda muito que Anderson pareça menos eficaz na violência mais evidente da segunda metade do filme do que na ambiguidade construída em torno da relação do personagem com as pessoas do vilarejo. Apesar desses problemas de modulação, Day-Lewis merece mais um Oscar. E a trilha sonora, que é de fato bem bonita, incomoda em alguns momentos pela onipresença.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Post deliberadamente esquizofrênico.

Otávio Augusto é um dos maiores comediantes brasileiros, disso não tenho a menor dúvida. Outro dia, revendo O Torturador, do Antonio Calmon, não conseguia parar de rir quase sempre que ele entrava em cena. No clímax do filme, ele chama, do alto de uma escada, algum dos inúmeros inimigos que entravam no lugar. "Ei, sua bichona". Todos olham. "Eu chamei só um", ele diz, enquanto dispara tiros contra eles. Fora que ele passa o filme inteiro cantando músicas de Roberto Carlos (fase do medalhão, 73-81 - mais sobre essa fase em breve no melomania). Seu personagem, um mercenário bonachão, é o contraponto perfeito ao de Jece Valadão, o capitão que acaba de sair do presídio e faz e acontece com violência e jeitão de macho ("vou matá-la, pois ela é a única mulher do mundo que não me quer"). Calmon tem pelo menos um grande filme: Eu Matei Lúcio Flávio. E vários filmes que conseguem ser subestimados em alguns círculos e superestimados em outros (Menino do Rio, Garota Dourada, O Bom Marido, Nos Embalos de Ipanema...). O Torturador, longe de ser um filmaço, é dos mais interessantes. Mais ou menos como O Capitão Moura Contra o Doutor Brasil, tanto na irreverência quanto na capacidade de invenção (e na infâmia de vez em quando, devo dizer).

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Pelts é simplesmente a melhor coisa que Dario Argento fez desde Terror na Ópera (gosto muito de Insônia, mas não me venham falar de Do You Like Hitchcock?). Uma única cena está anos-luz de qualquer coisa que saia dos novos cultores do horror, a dos guaxinins olhando para dentro da casa, pelas diversas janelas da cabana da Madame excêntrica que toma conta deles. Sombrio e estranho na medida certa. Argento não economiza em impacto. Pelts tem momentos dignos dos mais sanguinolentos da carreira dele. E a grande curiosidade é a escalação do roqueiro romântico e brega Meat Loaf. Sabia que ele era um ator interessante, mas em Pelts ele está ótimo. O filme ainda nos reserva uma leitura paralela à do terror como punição ao prazer carnal. Como as peles maravilhosas dos guaxinins leva quem as adora a cometer as maiores barbaridades contra o próprio corpo, o filme acaba sendo uma bela alegoria sobre a ambição desmedida e a necessidade do sucesso a qualquer custo. Para não falar da mensagem ecologista que podemos extrair dessa trama (e Argento riria muito se lesse isto aqui).

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Duas obras-primas de Mikio Naruse

Lembro que vi Mamãe (Okasan, 1952) no começo da cinefilia, numa das mostras mensais de cinema japônês do CCSP. Na época, não achei grande coisa. Naruse, aliás, nunca me encantou (Mizoguchi sempre foi e será meu diretor japonês favorito). Quão tolo eu era. Vi mais dois ou três filmes dele, anteriores a Mamãe, na mesma época, que se perderam em anotações pré-históricas, mas lembro que achava tudo OK, sem muito entusiasmo. Revendo Mamãe, e descobrindo Turbilhão da Vida (Toma no Oto, 1954), pude perceber a delicadeza do diretor ao mostrar problemas fortes, sem chamar a atenção para essa potência. Talvez a maior maestria de Naruse resida em sua capacidade de resumir as ações ao essencial. Firulas não eram permitidas em seu cinema. Bom exemplo em Mamãe: a menininha está triste com a situação financeira da mãe, e com a necessidade de vender o kimono da filha para pagar dívidas. Fecha na menininha, ela demonstra sua tristeza em silêncio, já com o fade out acontecendo, discretamente. Não há, portanto, a chantagem pela música, nem por um alongamento do plano. Ele mostra o suficiente para que saibamos que toda a família é afetada pela crise da mãe que se tornou viúva há pouco tempo. Em Turbilhão da Vida, outra operação fica mais evidente: Naruse usa a trilha sonora como se seus filmes fossem mudos. A música está ali apenas como cama para tornar o relato mais palatável, aumentando de intensidade em alguns momentos específicos, mas nunca o bastante para passar do tom. Nunca o suficiente para que fiquemos com aquele ranço desagradável de que nos entalaram uma emoção fácil para nos ludibriar. Utilizando, ainda em 1954, um efeito que ele havia aprendido fazendo filmes sem bandas sonoras (no Japão era comum ter atores do lado da tela para dizer as falas dramáticamente, com música ao fundo), Naruse fala de coisas muito complexas da forma mais simples possível, e dessa forma nos atinge com toda a força.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Sempre leio por aí que Joseph H. Lewis era um mestre do filme B. Besteira. Era um mestre do cinema. Ponto final. Se é verdade que muitas vezes seus filmes parecem se vangloriar da falta de dinheiro, também é evidente que sua direção capta sempre o essencial de cada expressão, o fundamental dos movimentos em cena para que sua história seja passada da melhor maneira possível. É a maestria que não é exibicionista (a não ser que se considere que mostrar que se está trabalhando com poucos recursos seja exibicionismo). Basta ver My Name is Julia Ross, de 1945, para perceber que o que está em jogo no cinema de Lewis é a melhor ligação do espectador com o que se passa na tela. Aquela capacidade de atrair uma pessoa comum, que nunca ouviu falar de quem está em cena ou por trás das câmeras, mas se envolve com o filme de maneira sincera e direta, sem intermediários críticos. Lewis era um dos maiores mestres nesse assunto, e não precisamos catalogá-lo em guetos para reconhecer esses méritos.

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Nova atualização no http://melomania.blogspot.com. Confiram.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Recorro às imagens do DVD Beaver porque não sei muito bem o que dizer de Jigoku (Inferno, 1960), de Nobuo Nakagawa. Com um visual impressionante, uma visão do inferno que deve ter sido referência para o nosso Mojica, o filme tem momentos de deixar embasbacado. Mas também tem uma barriga meio protuberante no miolo, talvez porque aconteça uma queda no fantástico, e uma ocorrência maior de um humor tipicamente japonês. Não lidei muito bem com essa mistura de tom, mas é coisa que geralmente se resolve numa revisão. A meia hora final e os primeiros 15 minutos são quase perfeitos esteticamente, com o brilhante uso do cenário escurecido (como no inferno). No DVD da Criterion tem entrevistas com membros da equipe, e com Kiyoshi Kurosawa, que herdou de Nakagawa o gosto pela ausência de definição do caráter dos personagens. São bons e maus, pecadores e santos, levianos e hipócritas, tudo ao mesmo tempo. Há um único personagem bem definido, que é uma decorrência da mente perturbada do protagonista. Daqui a uns dois anos devo saber o quanto gostei desse filme.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Post livre:


- Finalmente James Mangold acertou. Seu Os Indomáveis (3:10 to Yuma) é bem bacana. Pretendo desenvolver melhor o que penso sobre o filme em um futuro texto. Antes verei os filmes dele que eu ainda não vi, como Kate & Leopold e Garota Interrompida (tenho os dois gravados em VHS), e o filme original do Delmer Daves - que não tem na mula, mas fui lembrado pelo Lyra de que existe em DVD nacional.

- Fiquei decepcionado com Cordélia Cordélia, filme dirigido por Rodolfo Nanni em 1971. Lilian Lemmertz está fantástica como sempre, mas sua personagem, uma mulher casada que vive entre a frustração de ter um marido vagabundo e homens frouxos ou cafajestes ao seu redor, não convence, em parte porque perto do que o filme prometia com suas cenas iniciais, de uma densidade quase fassbinderiana, ele se desenvolve de maneira um tanto pobre para justificar tamanha sensação de solidão. Em As Deusas, do Khouri, pouco sabemos do passado da personagem vivida por Lemmertz, mas ela está em harmonia com o diretor, e ambos conseguem criar uma mulher verdadeiramente abalada, mesmo que não saibamos bem por quê. No filme do Nanni tudo parece vir de uma necessidade de pintá-la como problemática antes de qualquer outra coisa. É mais um fantoche do que uma pessoa, mesmo com uma das maiores atrizes que conhecemos a interpretando. O filme acaba valendo mais pelos momentos em que Cordélia faz o trivial e pensa na morte da bezerra, ou em outra desgraça qualquer. Aí percebemos o quanto uma grande atriz faz a diferença.

- Revendo trechos emblemáticos de Os Dez Mandamentos, de Cecil B. De Mille (versão de 1956), tive a impressão de que é preciso muita força de vontade para não se tornar religioso depois de ter contato com a força de suas imagens. Charlton Heston como Moisés, levantando os braços e bronqueando com a eterna descrença de seus protegidos nos poderes de Deus, é uma imagem mágica, com toda a força que essa palavra pode ter. Teve muita gente na época que se converteu, imagino.

- Revendo pedaços do Tributo a Freddie Mercury na TV. É fantástica a participação de George Michael, o único que poderia substituir Mercury à altura. Não porque os dois são os melhores, mas porque Michael tem tudo a ver com o Queen. Bowie sorrindo enquanto a mala Annie Lennox se esgoelava no palcoé o máximo da elegância. E o duelo de guitarras entre Tony Iommi (Black Sabbath) e Brian May (Queen) ficou para antologias. Dois guitarristas inimitáveis, que conseguiram extrair de suas guitarras timbres que parecem de outro mundo, alterados por alguma tecnologia que desconhecemos. Aliás, sempre quis entender como uma banda que era tão boa caiu tanto depois de vir ao Brasil pela primeira vez (1981).

- BBB 8. Nunca vi jogarem tão mal esse jogo. Tão mal que a Globo foi obrigada a desfilar todo o seu sadismo. Se alguém tiver uma síncope até o final do programa não será surpresa. E se a Gyselle não ganhar vai ser uma grande marmelada.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

John and Mary (1969), de Peter Yates
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Sempre li que esse filme era datado, cheio de cacoetes da época. Mas não creio que ser datado seja um problema a priori. Se o desejo de ser parte de um estilo de determinada época for maior que o desejo de expressar sentimentos ou idéias, aí o fato de ser datado pode se tornar um problema. Peter Yates, como demonstraria novamente no futuro, em filmes como O Fiel Camareiro (1983) e Pesadelo na Rua Carroll (1988), soube contornar muito bem esse perigo sem deixar de se afiliar a um modismo. John and Mary tem uma estrutura que remete ao final dos anos 60, às experiências com flashback e aos cortes bruscos que funcionam como ruídos, quebrando a harmonia com o espectador. É um grande quebra-cabeça sobre o início de um relacionamento amoroso. O casal se conheceu numa noite, e ela foi para o apartamento dele. Na manhã seguinte, ambos ficam sem jeito, ela pela invasão, ele por se deixar ser invadido. A dúvida persiste - abrir-se ao outro ou manter-se num abrigo emocional -, enquanto cenas de envolvimentos passados dos dois vão se misturando ao que eles sentem. Ao mesmo tempo, ouvimos o que eles pensam durante as falas, suas estratégias erradas e mancadas num sussurar em off. Muito cálculo da parte deles, que vai se desmantelando, conforme vão se envolvendo realmente. Quando o filme ameaça virar apenas nuvem de fumaça com seus efeitos moderninhos (para a época), já perto do final, fica próximo de uma comédia romântica tradicional, e é aí que fica clara a habilidade de Peter Yates ao fazer com que torçamos para que os dois terminem juntos. A última cena fez escola - o quarto ao fundo, com eles se despindo fora de quadro, um corredor na penumbra entre nós e eles -, e os nomes comuns dos dois deixam a insinuação de que o filme fala para todos os homens e mulheres. É bem melhor que Bill, Carol, Ted & Alice, de Paul Mazurski, e Ânsia de Amar, de Mike Nichols, filmes até parecidos em diferentes aspectos (o de Mazurski pela ligação com a época, o de Nichols pelo tom levemente liberal). Mas a comparação, já muito feita por aí, não tem tanto sentido se nos atermos às motivações dos personagens, que acabam, graças também ao belo par de atores (Dustin Hofmann e Mia Farrow), a sobrepujar o estilo exibicionista da época.

Outros filmes vistos de Peter Yates:

Bullit (1968) * * * *
Seu Último Combate (Murphy's War, 1971) * * *
Os Quatro Picaretas (The Hot Rock, 1972) * * * *
Os Amigos de Eddie Coyle (The Friends of Eddie Coyle, 1973)
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Nossa, Que Loucura (For Pete's Sake, 1974) * *
A Louca Ambulância (Mother, Jugs & Speed, 1976) * * *
O Fundo do Mar (The Deep, 1977) * *
O Vencedor (Breaking Away, 1979) * * *
Testemunha Fatal (The Eyewitness, 1981) * * *
Krull (1983) * * *
O Fiel Camareiro (The Dresser, 1983) * * *
Sob Suspeita (Suspect, 1987) * * *
Pesadelo na Rua Carroll (The House on Carroll Street, 1988)
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A Revanche Final (An Innocent Man, 1989) *

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obs: queria muito ver Eleni (1985) e One Way Pendulum (1964). E preciso rever A Revanche Final, que na época que saiu em VHS me decepcionou muito.

Sexy e Marginal (Boxcar Bertha, 1972), de Martin Scorsese
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O maior problema que eu tinha com esse filme era a tendência um tanto didática de inserir o comunismo como impulso maior para a execução dos pequenos crimes cometidos pela trupe (como o filme se passa na época da Grande Depressão, a associação é ainda mais fácil. Da mesma forma, não engolia o final Jesus Cristo do personagem de David Carradine, problema subordinado ao didatismo. Problemas menores depois da revisão de ontem. Sexy e Marginal me pareceu o filme mais convencional do diretor, mais distante dos maneirismos de seus filmes posteriores. Também me pareceu ser o mais engraçado, no sentido de dar risadas mesmo (com Depois de Horas sendo o mais deliciosamente engraçado - aquele sorriso de cumplicidade no canto da boca). John Carradine é o maior responsável pela graça do filme, com piadas sutis como a de insinuar um pedido a FDR, e depois deixar claro que era uma brincadeira com o seu secretário. É um filme tateante, com medo de ir fundo em certas coisas. A intenção é manter tudo na superfície, como fica claro já na primeira parte do filme, antes do reencontro de Bertha (Barbara Hershey) com Bill Shelly (David Carradine, que depois faria um outro Bill). E o filme se sai bem na maior parte do tempo sendo uma diversão ligeira, com interessantes piscadelas para a história dos EUA.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Hoje, terminada a projeção de Onde os Fracos Não Tem Vez, o belíssimo filme dos irmãos Coen, na sala 2 do Arteplex lotada, um casal levanta para sair, logo no começo dos créditos, e a moça diz em alto e bom som: "é por isso que a crítica gosta". O moço que estava com ela responde: "filme mais besta, e concorre a oito oscars". Claro, filme lento, em que as coisas acontecem não muito claramente, e com o final meio enigmático, não mastigado, é filme para a crítica. O que seria filme para tal casal? Não sei se fico mais intrigado com o casal de má vontade, que não quis pensar nem um pouquinho no que o filme tem a dizer depois da projeção, ou se encasqueto com o "por isso que a crítica gosta". Porque esse tipo de raciocínio, que existe uma única crítica, e que todos os críticos têm o mesmo gosto, por mais imbecil que seja, é muito difundido, nem temos como mudar. Mas o fato de alguém dizer isso bem alto, para que todos possam ouvir, me deixa pensando que se trata tão e somente de uma auto afirmação muito grande, do tipo "se eu não gostei, é porque não é bom", e a crítica gosta porque costuma gostar de filmes chatos. Uma outra mulher, um pouco mais atrás, narrava tudo que ela achava que ia acontecer, também em alto e bom som, como manda a educação típica de quem anda freqüentando os cinemas. Aos poucos, ela percebeu que nada do que ela antevia acontecia, e foi se decepcionando cada vez mais com o filme. Quando apareceu o inevitável "tradução de fulano de tal", ela logo falou (antes do casal citado acima levantar): "ah, não acredito - que bosta". Lembro que reações desse tipo aconteciam com filmes muito mais rigorosos como Através das Oliveiras ou Sob o Sol de Satã. Hoje em dia, acontece com quase tudo que não seja da cartilha do espectador preguiçoso, de acordo com o que ele espera que aconteça. É triste mesmo, ou estou envelhecendo?

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Da série: Filmes que eu tenho medo de rever

A Festa de Babette (1987), de Gabriel Axel

Bem, foi pré-história da minha cinefilia, e esse filme era muito elogiado. O diretor fez depois o pavoroso Jutland, um horror que eu gostaria de esquecer. Na época de Babette, todos diziam que o filme era delicioso, pra não ver de estômago vazio, que era uma ode à humanidade, essas besteiras todas. Vi, me decepcionei um pouco, mas até que gostei. Nunca revi.

16 0 60 (1995), de Vinicius Mainardi

Nunca gostei de Diogo Mainardi, o irmão de Vinicius, criador da história. Mas nessa época eu tinha lido O Polígono das Secas, e contra todos os meus temores, gostei bastante. Resolvi dar uma chance ao sub-sub-sub Paulo Francis (bota sub nisso). Pois gostei do filme. De uma crueldade absurda, passa muito longe do paternalismo que já era vigente no cinema brasileiro. Depois, voltei a odiar quase tudo que o Diogo escreve (e o que não odeio desprezo), e assisti ao risível Mater Dei, nota zero, uma coisa assustadora de tão ruim. O medo de rever já vem de antes desse filme, e só aumentou. Tenho gravado de quando foi exibido no Bravo, ou no Cinemax. Qualquer dia bem humorado eu tiro a prova dos nove.

domingo, 3 de fevereiro de 2008

As Deusas (1972), de Walter Hugo Khouri
* * *

Após sua obra-prima, O Palácio dos Anjos, Khouri filma As Deusas, um de seus filmes mais pessoais, e que conta com uma Kate Hansen no auge da beleza, e uma Lilian Lemmertz absurdamente bonita com o cabelo preto e os olhos se esverdeando conforme o filme se encaminha para o fim. São literalmente duas deusas do cinema brasileiro. Como sempre em Khouri, os homens são predadores, insaciáveis, infantis em seus quereres; e as mulheres enigmáticas, sensuais e problemáticas. As Deusas pode muito bem ser o Persona dele, pela transferência de culpas e dramas que há entre uma mulher e outra. Transferência também de sensualidade, de um lado, e de neurose, de outro. O filme se perde um pouco numa das marcas registradas do diretor: filmar esculturas, quadros e natureza como forma de ilustrar simbolicamente as emoções de seus personagens. E a mão pesa um tanto no final, que parece girar em falso. Mas o filme tem tantos momentos altos, em especial nas cenas de sexo - filmadas de perto, com detalhes dos corpos e muitas sombras - e nas danças de olhares entre os três únicos atores (há uma empregada que é mostrada de longe), que é facilmente um de seus trabalhos mais fortes entre os que são cheios de problemas - pela própria tendência em procurar sempre o verniz psicológico das coisas. Khouri, no entanto, sabia o que fazia. E seu filme tem uma atmosfera doentia e asfixiante que poucos diretores sabem imprimir.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Em alguns momentos de Ao Lado da Pianista (La Tourneuse de Pages, 2006), de Denis Dercourt, fica muito fácil lembrar de Claude Chabrol. A comparação fica até óbvia demais. Estão lá a burguesia, o piano, as emoções camufladas por uma etiqueta de classe social que não se conquista facilmente e, acima de tudo, uma protagonista que faz da crueldade e da paciência suas grandes aliadas para chegar à execução de uma vingança perfeita. Mas é com essa comparação que Dercourt quase se complica, pois Chabrol não entrega nada de mão beijada ao espectador. Em seus melhores filmes, é muito comum ficarmos sem saber aonde seremos levados. Vemos o comportamento das pessoas como se fossem insetos examinados por um entomologista - uma das maiores ligações de Chabrol com Buñuel é justamente essa. Em Decourt, o maior mérito é não vermos no rosto da jovem viradora de páginas o dom da vingança. Ela parece a todo momento sucumbir à relação com a personagem de Catherine Frot, deixando-se levar pelas fraquezas de seu objeto de vingança - na verdade, uma examinadora que, ao conceder um autógrafo bem no meio do teste da viradora quando criança, faz com que ela perca totalmente sua concentração e seja reprovada. A dubiedade do olhar de Deborah François, nossa traumatizada heroína, é o ponto forte do filme, mas nos faz pensar, pela influência nítida, o que o mestre que dirigiu Mulheres Diabólicas teria feito com esse material.

Castelar e Nelson Dantas no País dos Generais é o talentoso retorno de Carlos Alberto Prates Correia ao cinema. Mais um filme sobre a produção "em" do que "de" Minas Gerais, Prates não deixa de falar muito de si mesmo, e de suas opções durante a ditadura militar. Sob a alcunha de Castelar, se auto-retrata sem pudor ou falsa modéstia, e também passeia por produções filmadas no estado, como Bang Bang, de Andrea Tonacci e O Padre e a Moça e Os Inconfidentes, ambos de Joaquim Pedro de Andrade. Os amigos de luta também não são esquecidos. Shubert Magalhães, principalmente, é citado durante o filme inteiro. Prates não está nem um pouco preocupado com a unidade. Passeia como bem quer pela produção, com comentários sempre instigantes, e a participação de Priscila Assum e Tavinho Moura como historiadores, recitadores, questionadores. O filme dá conta muito bem dessa estranha dicotomia existente na produção de Minas, sempre entre o conservadorismo e o experimentalismo, entre a tradição e a transgressão. Fiquei espantado com a predominância de iniciais no lugar dos nomes. Será que é uma coisa mineira? MM (Marcelo Miranda), que o entrevistou para O Tempo talvez possa responder (leia a entrevista aqui: http://www.otempo.com.br/otempo/noticias/?IdEdicao=630&IdCanal=4&IdSubCanal=&IdNoticia=53409&IdTipoNoticia=1)

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Na época de Dreamgirls, ouvi de mais de uma pessoa o seguinte comentário: "como você pode gostar de um musical que tem canções ruins?". Não era problema para mim, pois não considero as canções de Dreamgirls ruins, mas o argumento me pareceu bem deficiente. Agora, com Sweeney Todd, O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet, experimentei justamente o que disseram ser um disparate. Não gosto das músicas, acho quase todas insossas. Mas gosto bastante do filme. E acho que não ter gostado das músicas pode até ter ajudado no efeito que o filme produziu em mim. Mais na próxima atualização da Paisà (o filme estréia dia 8 de fevereiro).

Aqui vai um Tim Burton cotações, como homenagem:

Pee-Wee's Big Adventure (1985) * * *
Os Fantasmas se Divertem (1988) * * *
Batman (1989) * *
Edward Mãos de Tesoura (1991) * * * *
Batman - O Retorno (1992) * * *
Ed Wood (1994) * * * * *
Marte Ataca (1996) * * *
A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça (1999) * * * *
O Planeta dos Macacos (2001) * * * *
Peixe Grande (2003) * *
A Fantástica Fábrica de Chocolate (2005) * * * *
A Noiva Cadáver (2005) * * * *
Sweeney Todd (2007) * * * *