quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Observações rápidas:

- na revisão, em película no Arteplex, Paranoid Park se revelou uma obra-prima, na mesma altura dos grandes Elefante e Mala Noche. É realmente impressionante o trabalho que Gus Van Sant faz com a música, e a maneira como ela se relaciona com a mente conturbada do protagonista. Filmaço que flui muito fácil, a despeito de seu tema perturbador. Tanto a escrever que me sinto travado.

- e não é que gostei de O Gangster? Falaram tão mal desse filme do Ridley Scott que, como eu já não sou muito chegado ao cinema dele (embora não odeie como muitos amigos), estava esperando no máximo algo meia-boca. Mas a atuação de Denzel Washington já vale a ida ao cinema. E a direção é bem segura e funcional, tirando umas pequenas ridleyscottices, como por exemplo o insert ultra rápido de um assassinato do gangster enquanto ele conversa seriamente pela primeira vez com sua futura esposa. Russel Crowe também está muito bem, ainda que seu personagem seja um tanto poliana demais para provocar empatia. Felizmente, Scott não exagera nas firulas. Bem depois dos distantes Os Duelistas, Alien e Blade Runner, ele volta a fazer um bom filme.

- já tentei fazer essa lista de diretores preferidos que os blogs amigos estão fazendo umas três vezes desde a estréia do Chip Hazard. Nunca consegui. Prometo "pensar" em tentar de novo. É que o trabalho de seleção, e a constatação posterior de que fui injusto é tão certa, que eu desanimo logo no início. Enquanto fico na dúvida, me divirto com a lista dos outros.

- para encerrar, o parágrafo inicial de um texto de Jean-Luc Godard sobre Juventude, Divino Tesouro e o cinema de Ingmar Bergman:

"There are five or six films in the history of the cinema which one wants to review simply by saying, 'It is the most beautiful of films.' Because there can be no higher praise. Why say more, in effect, about Tabu, Voyage to Italy or Le Carrosse d'or? Like the starfish that opens and closes, they can reveal or conceal the secret of a world of which they are the sole repository and also the fascinating reflection. Truth is their truth. They secrete it deep within themselves, and yet with each shot the screen is rent to scatter it to the winds. To say of them, 'It is the most beautiful of films', is to say everything. Why? Because it just is. Only the cinema can permit this sort of childish reasoning without pretending shame. Why? Because it is the cinema. And because the cinema is sufficient unto itself. In singing the praises of Welles, Ophüls, Dreyer, Hawks, Cukor, even Vadim, all one need say is, 'It's cinema.' And if we conjure the names of the great artists of past centuries for purposes of comparison, we have no need to say more. On the other hand, one cannot imagine a critic praising the latest Faulkner novel by saying, 'It's literature'; or the latest Stravinsky or Paul Klee by saying 'It's music. It's painting.' And even less so of Shakespeare, Mozart or Raphael. It would never occur to a publisher, even Bernard Grasset, to launch a poet with the slogan, 'It's poetry.' Even Jean Vilar, when reviewing Le Cid, wouldn't dream of announcing it on the posters as 'It's theatre.' Whereas 'It's cinema' is more than a password, it's the war-cry of both film-publicist and film-lover. In short, to assert its own existence as its justification, and by the same token to draw its aesthetic from its ethic, is for the cinema by no means the least of its privileges. Five or six films, I said, +1, for Summer Interlude is the most beautiful of films."

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Eu Sou a Lenda (I Am Legend, 2007), de Francis Lawrence
* *

Ser melhor que Constantine não quer dizer muita coisa. O fato é que eu raramente me preocupo com inverossimilhança, a não ser com a que pode ser evitada facilmente. É evidente que o cinema se presta a todos os tipos de situações inverossímeis, e quem cobra verossimilhança está perdendo o foco do que realmente importa. Mas sempre dói ver situações tratadas com preguiça, só porque no cinema tudo pode ser feito. É escapismo, dizem, logo, pouco importa construir um mundo crível, uma ambientação minimamente compatível com o que a própria história nos fazia crer ser a mais verdadeira.

Não se trata de reclamar do vírus que transforma humanos em monstros, mas de querer que esses monstros respondessem a uma coerência que obedecesse à estruturação do filme. Existiam mil maneiras de sacrificar a cachorra, por exemplo, mas a solução encontrada foi a pior possível - pede que acreditemos numa incapacidade de se desdobrar do herói, mesmo vendo que sua vida e a de sua cachorra estavam seriamente ameaçadas. Custava fazer ele correr, e não chegar a tempo no carro? Precisava mostrar ele se arrastando vagarosamente, como se quisesse ser apanhado? Coisas bobas, mas que fazem a diferença. Escolhas pobres dramaturgicamente.

Curiosamente, o filme cai bastante a partir da infecção de Sam, a pastora alemã. As soluções dramáticas são as piores possíveis, e a aparição de Alice Braga nada ajuda nesse sentido. Perdemos a atmosfera desolada da ilha de Manhattan, as caminhadas solitárias de Will Smith, em meio à grama que nasce do asfalto, as correrias de antílopes, leões e pássaros, ainda incompetentes no domínio desse novo habitat. As elipses começam a revelar mais preguiça do que estilo. Os sustos vão se tornando progressivamente mais importantes do que a construção de um clima. O desfecho parece apressado e simplório. E perdemos uma boa chance de ver uma senhora ficção-científica.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

















4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias (2007), de Cristian Mungiu
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É o tempo de vida de um feto. Praticamente metade do tempo que ele teria normalmente. A pré-vida. Encerrada, proibida, violentada. O feto sai com sangue, quase com uma cara, metade humano metade embrião. Dois filmes me vieram à mente. Primeiro, Pelle, O Conquistador, filme que servia para que esperássemos algo de Billie August no futuro. A conversa gira em torno de uma gravidez indesejada. Corte para um feto muito mais formado que o do filme de Mungiu, boiando na beira de um rio. Imagem fortíssima, criada por um diretor que meteu os pés pelas mãos nos anos seguintes. Segundo, Os Corvos, filmaço de Dorotta Kedzierzawska. A menina carente implora por carinho para uma mãe relapsa. O filme se encerra com essa visão subjetiva da mãe, incapaz de deixar claro o amor que sente pela filha. Em 4 Meses é Otilia que nos encara diretamente. No lugar de uma lição de moral (como em A Trégua, de Francesco Rosi), um questionamento. Mais: uma boa atriz (Anamaria Marinca, na foto) e um diretor que se rende a concessões apenas o suficiente para que seu filme nos atinja com mais força. Como pano de fundo, a vida gerenciada e limitada pela ditadura de Nicolae Ceausescu (o filme se passa em 1987, dois anos antes de sua execução).

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

A cobertura da 11ª Mostra de Tiradentes continua em www.revistapaisa.com.br/paisablog, mas aí vai um link de uma contribuição minha para o site Cinequanon, capitaneado pelos redatores da Paisà, Cesar Zamberlan e Cid Nader, sobre os três primeiros dias do evento.

http://www.cinequanon.art.br/mostra_detalhe.php?id=270&id_festival=50

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Cotações Reichenbomber:

Corrida em Busca do Amor (1972) * *
Liliam M - Confissões Amorosas (1975) * * * *
A Ilha dos Prazeres Proibidos (1977) * * * *
O Império do Desejo (1979) * * * * *
Amor Palavra Prostituta (1980) * * * * *
Extremos do Prazer (1983) * * * *
Filme Demência (1985) * * *
Anjos do Arrabalde (1987) * * *
Alma Corsária (1994) * * * * *
Dois Córregos (1999) * * * *
Garotas do ABC (2004) * * * * *
Bens Confiscados (2004) * * * *
Falsa Loura (2007) * * * *

sábado, 19 de janeiro de 2008

Uma cena do novo filme de Carlão Reichenbach. Em São José dos Campos, Carlão desce do ônibus, e percebe que Daniel Chaia - seu assistente de direção -, de muletas, descia com dificuldades. Ele oferece ajuda, que é recusada. Em seguida ele sai de cena fazendo um gesto de "vai se danar" com as mãos. Não tem nada a ver com o restante do filme, mas é o tipo de liberdade deliciosamente transgressiva (por fugir da regra básica do cinema, de que tudo deve ter algum sentido) que encontramos a rodo em seus filmes. Falsa Loura, por sinal, é um belíssimo filme. E a interpretação de Rosanne Mulholland provavelmente será a melhor do ano.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

O ritmo por aqui vai diminuir até o dia 27, porque estou cobrindo a 11ª Mostra de Tiradentes. Acompanhem a cobertura diária (ou quase, pois ninguém é perfeito) em:

www.revistapaisa.com.br/paisablog

Nos vemos por lá, e eventualmente por aqui.

Daqui a pouco a sessão de abertura, com o novo filme de Carlão Reichenbach, Falsa Loira.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008










La Terza Madre (2007), de Dario Argento
* * *

Duas grandes decepções:

- as cenas de assassinato e suspense se baseiam muito mais no susto e na brutalidade do que na atmosfera, que era onde elas costumavam se ancorar nos filmes clássicos do diretor. Dessa maneira, não encontramos cenas brilhantes como a do assassinato do cego, ou a da câmera como ponto de vista do corvo (outros exemplos existem).

- o confronto final é bem mixuruca, o que coloca a perder muito daquilo que Argento construiu tão bem durante o filme: a crença de que o inimigo está ainda mais poderoso. Ora, se a terceira mãe era mais forte que as anteriores, e a personagem de Asia Argento tinha poderes que ela mal conhecia, é de se estranhar a maneira simplória com que o mal é derrotado no filme.

Daí me lembrei de Il Cartaio, que o tempo todo brinca com o que nos acostumamos a ver nos filmes de Argento, e tive uma leitura paralela, muito mais por diversão do que por exercício crítico: Argento era fã do metal tradicional, e vê nas seitas do Black, Doom, Death, sei-lá-o-quê Metal o mal do mundo. A turma do mal se veste como discípulos do doom metal vindo da escandinávia, e a trilha sonora não apresenta Goblin, Iron Maiden ou Motorhead, mas músicas sacras. Não há atmosfera, porque o metal tradicional abriu espaço para suas vertentes maléficas quando se abriu também ao progressivo (basta lembrar dos longos e trabalhados arranjos de Master of Puppets, do Metallica). Como a escandinávia invadiu a europa em termos de extremismo musical, as pessoas agora andam como loucas, matando amigos e brigando na rua por nada. É um brincalhão esse Dario Argento.

TOP 5 Argento:
1) Suspiria (1977)
2) Prelúdio para Matar (Profondo Rosso, 1975)
3) Terror na Ópera (Opera, 1987)
4) O Gato tem Nove Caudas (Il Gatto a Nove Code, 1971)
5) Phenomena (1985)

Fingers (1978), de James Toback

* *

Jimmy tem 32 anos, é um pianista frustrado que vira e mexe defende os interesses excusos do pai agiota. Não se sabe o que ele fez antes disso, pode ter zanzado sem rumo até então, pode ter sido um veterano da Guerra do Vietnã (na época as comparações com Taxi Driver foram muitas), pode simplesmente ter tentado uma carreira de sucesso a juventude inteira, sem conseguir. O clima triste da maior parte dos filmes não escapistas desse período se faz presente. Mas Fingers não é mais do que um tour-de-force para Harvey Keitel. Existem excelentes tour-de-forces, o que não é o caso da estréia de James Toback na direção. Principalmente porque ele não é muito feliz na exploração das dicotomias: erudito/popular, extravagância/discrição tímida, sensibilidade musical/violência de rua. Chega uma hora e começamos a nos perguntar se não é tudo fantasia de alguém definhando em seu sofá. Quando percebemos que quem definhava pedia ajuda de sua janela chegamos à conclusão inevitável que evocar estranheza e auto-comiseração ao mesmo tempo não é uma boa idéia. Refilmado em 2005 como De Tanto Bater, Meu Coração Parou, direção de Jacques Audiard.

Outros filmes vistos do diretor:

Exposed (1983) *

O Rei da Paquera (The Pick-up Artist, 1987) *

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Vendo a lista de melhores do Filmes do Chico, percebi que esqueci de colocar em minha lista os filmes de Clint Eastwood lançados no ano. Segue, então, a lista definitiva, com as devidas mudanças:

1- Em Busca da Vida - Jia Zhang-ke
2- Maria- Abel Ferrara
3- Anjos Exterminadores - Jean-Claude Brisseau
4- Medos Privados em Lugares Públicos - Alain Resnais
5- Cão sem Dono - Beto Brant e Renato Ciasca
6- Lady Chatterley - Pascale Ferran
7- Império dos Sonhos - David Lynch
8- Tropa de Elite - José Padilha
9- Cartola - Lírio Ferreira e Hilton Lacerda
10- A Comédia do Poder - Claude Chabrol

11- A Conquista da Honra - Clint Eastwood
12- Antes Só do Que Mal Casado - Peter & Bobby Farrelly
13- O Hospedeiro - Bong Joon-ho
14- Não Por Acaso - Philippe Barcinski
15- O Sobrevivente - Werner Herzog
16- Os Donos da Noite - James Gray
17 - Cartas de Iwo Jima - Clint Eastwood
18- Ligeiramente Grávidos - Judd Apatow
19- Estamos Bem Mesmo Sem Você - Kim Rossi Stuart
20- Ratatouille - Brad Bird

O triste é que com isso cairam dois filmes brasileiros. Paciência.

A ressurreição do Melomania:

http://melomania.blogspot.com

Muitos já devem ter percebido o quanto eu gosto das revistas inglesas de música. Mojo, Record Collector, Q e Uncut foram compras obrigatórias daqueles tempos felizes de paridade com o dolar. Depois, escolhia qual comprava em cada mês, e de vez em quando fazia uma loucura e comprava duas delas. A Uncut me encanta especialmente pela mistura (70% música, 30% cinema), que invertida, dá mais ou menos a Paisà. E a Mojo pela diagramação, e pelas reportagens, entrevistas fantásticas, e apanhados de discos com cotações (a Mojo e a Record Collector se renderam às cotações tão amadas pelos leitores ingleses nos últimos dois ou três anos). A lista que publiquei para ressuscitar o melomania é a dos 100 maiores discos do período de existência da Mojo, até maio de 2006, quando eles chegaram ao número 150. É uma lista deliciosa, ainda que eles, como todos os críticos ingleses, tenham se enganado pela falácia que é o Oasis. Recomendo a procura em sebos do número 150 impresso, com Elvis Presley na capa. É uma beleza de 164 páginas.

sábado, 12 de janeiro de 2008

Vejam só o paradoxo. O Suspeito (Rendition, 2007), de Gavin Hood, é um filme de mensagem pacifista, que condena os atos extremistas e a maneira como os EUA combatem o perigo do terrorismo (com tortura). Só que a música new-age é tão onipresente e irritante, que eu saí do filme com vontade de bater e quebrar tudo à minha volta.

E O Diário de uma Babá (The Nanny Diaries, 2007), da dupla que havia dirigido O Anti-herói Americano, Shari Springer Berman & Robert Pulcini, é a prova definitiva - se é que precisávamos de uma - do enorme talento de Laura Linney. O filme tem mais invenção do que a média dos filmes bobinhos americanos, mas o desfecho é um tanto frustrante, paradoxalmente porque não é a montanha-russa climática que esperávamos.

Post livre:

- primeiramente, uma indicação de leitura:

http://cinema-de-invencao.blogspot.com/2008/01/im-sorry-brasil.html#links

Sempre achei que essa era a maneira mais honesta de se fazer uma crítica a um filme. O mais pessoal possível. E olha que eu gosto dos dois filmes que ele delicadamente espinafra, para provar que não tem nada a ver com eu concordar ou não com o gosto de quem escreve. Cortesia do saudoso Jairo Ferreira, publicado no delicioso blog editado porJuliano Tosi.

- é engraçado como as pessoas parecem gostar de se amontoar. Hoje, esperando um dos ônibus amarelos que descem a Augusta, cerca de dez pessoas se inquietam no ponto. Como sempre que ele atrasa, vem outro em seguida. E o outro veio realmente em seguida, no vácuo, qualquer um podia ver. E não é que só eu entrei no segundo (que tinha vários lugares para sentar)? Todas as outras nove pessoas preferiram surfar de pé no ônibus mais cheio. Vai entender.

- minhas últimas sessões de cinema... vai, as cinco últimas - sendo fiel à minha memória - foram marcadas por pessoas comendo salgadinhos o filme inteiro, ou falando numa altura indesejável, como se estivessem numa arquibancada de futebol. Fico achando que o alto preço dos ingressos fez uma espécie de filtragem, deixando a freqüência de espectadores ser dominada por uma classe ignorante e mal educada, que tem dinheiro para pagar o baldão de pipoca, mais o ingresso e o estacionamento, mas não tem a menor consideração com quem está à sua volta. Quem quiser se concentrar no filme que se dane.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

A Outra Face da Violência (Rolling Thunder, 1977), de John Flynn

* * * *

O major Charlie (William Devane) chega da Guerra do Vietnã como um zumbi. Seu tempo é outro, e não se harmoniza com o tempo das outras pessoas. Ele se acostumou à adrenalina da guerra, e agora sente que tudo é muito lento, tudo parece acontecer em câmera lenta. Mas é ele que está em câmera lenta. Ele e seu amigo (Tommy Lee Jones). Sua mulher reconstruiu a vida ao lado de outro homem, e seu filho cresceu longe de seus olhos. Agora ele é um eterno deslocado, será sempre um veterano de guerra. Flynn imprime um tempo igual ao do major: arrastado, moroso, com o tédio se instalando a todo momento. Quando sua ex-mulher e seu filho são assassinados, Charlie tem a oportunidade de voltar à ação. Ele coloca o uniforme militar (com o qual se sente seguro em sua condição, e vai para a vingança, frio, como se estivesse mostrando apartamentos. Nunca deixa de ser um zumbi. Um dos filmes mais tristes e sombrios dos anos 70, A Outra Face da Violência revela uma América profundamente abalada, vivendo um colapso de sentimentos e motivações. O pessimismo é sua marca mais forte. Quem acusou o filme de fazer a apologia da violência gratuita estava muito equivocado.

The Last Wave (1977), de Peter Weir * * *

Tudo no filme é água. Água que cai do céu, das torneiras que nunca se fecham, das paredes da casa, é o feitiço e a tradição aborígene se manifestando por esse elemento. A exemplo de seu filme anterior, Picnic na Montanha Enfeitiçada, Weir é especialmente feliz na atmosfera estranha que domina tudo, e na exploração da cara de máscara de Richard Chamberlain, onde estaria a explicação de todas as bizarrices que estavam acontecendo - explicação que vem apenas parcialmente. É o melhor filme do diretor em sua terra natal, a Austrália. E para purgar essa atmosfera aquática, seu filme seguinte seria O Encanador. Weir, por sinal, é dos diretores mais regulares que eu conheço. Todos os seus filmes merecem a mesma cotação (* * *), com destaque para The Last Wave e para A Costa do Mosquito, e com a exceção de Sem Medo de Viver, filme que não me convenceu.

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em tempo: BBB 8 - Rafinha, o tatuado que entrou no jogo no último momento, me parece gente fina também.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008


XXY (2007), de Lucia Puenzo * *
O primeiro longa da filha de Luiz Puenzo (de A História Oficial) tem ótimos momentos quando centra-se na relação entre a filha de Ricardo Darin e o filho de German Palacios. Infelizmente, a diretora insiste em deixar claro a todos que está ali para fazer poesia em imagens, e algumas cenas beiram o constrangedor pelo que há de excesso no cálculo. Um belo exemplo é a que acontece logo no primeiro quarto de filme, a menina deitada na cama, com a janela de seu quarto dando para o mar (como podemos ver na principal foto de divulgação), pega um livro, tira a pena que marcava a página, diz uma frase profunda - e que tem relações com o drama que ela vive - enquanto um lagarto (ou camaleão?) de estimação passeia pela sua perna. A diretora insiste em destacar o lagarto, como se quisesse provar à qualquer custo que aquela família, ou pelo menos parte dela, é exótica. Existem outros momentos desse tipo, ainda que não tão gritantes. O filme, talvez até por ser calculado demais, deve fazer sucesso no circuitinho artístico. Estou quase certo de que vi o curta dela (Los Invisibles), mas não lembro nem como é, nem se gostei.
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em tempo: aos poucos vou retomando a lista de links como ela estava no final do ano passado. Se possível, ampliarei a lista nos próximos dias. Quem descobrir que teve seu link suprimido, por favor, me contacte pelo email sealpendre@gmail.com. Com a mudança do template, a lista voltou a ser a de um tempo atrás, sem que eu pedisse. Mas não posso me queixar, ao menos com o novo template eu escolho as fontes...
em tempo 2: BBB8. Torcida declarada para Marcelo, um sósia abobalhado do vocalista do Gentle Giant (Derek Shulman), e para o Felipe, que é meio moleque bobo, mas parece ser boa gente. Do lado das mulheres, torço para as duas que eu achei bonitas: Gyselle e Juliana (ok, um pouco de machismo não faz mal a ninguém). Não parecem bater bem da cuca, mas ninguém é perfeito, não é mesmo? Tem a Thalita também, que parece ter mais miolos, mas eu ainda não descobri qual é a dela. Engraçado foi ver Marcelo caidinho pela Gyselle. Ele nem consegue disfarçar.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Uma pequena lista inusitada: filmes que eu tenho medo de rever.

O Cozinheiro, O Ladrão, Sua Mulher e o Amante (1990), de Peter Greenaway

A plasticidade exibicionista da coisa toda não me assusta. Nem os flertes com a pintura flamenca, muito menos o clima de fim de século que impregna o filme (pelo que eu lembro, claro). Nem mesmo a pagação de pau para Godard, Kubrick e Pasolini (o que causa a ira de muita gente - como ele ousa?). Tenho mais receio de encontrar algo que me passou despercebido na última vez que o vi (mais ou menos em 1993, na minha segunda revisão do filme). Aliás, ainda não entendo o porquê das pessoas xingarem todo o cinema do Greenaway por causa dos equívocos dantescos dos últimos anos (quase todos os filmes que ele fez desde O Bebê Santo de Macon). A Última Tempestade, A Barriga do Arquiteto e Afogando em Números merecem revisões atentas de quem não gosta. Apesar de também constarem entre os filmes que eu tenho medo de rever.

O Ilusionista (1986), de Jos Stelling

Principalmente porque não gosto de nada que ele fez depois, e acho que O Homem da Linha é um filme que tem apenas momentos bons, sendo bem irregular no conjunto. O que mais me preocupa é encontrar aquele climão de filme de arte para inglês ver, bem característico de certo cinema europeu dos anos 80. Medo de encontrar algo de O Holandês Voador, ou de Nem Trens Nem Aviões.

Bagdad Café (1987), de Percy Adlon

O diretor já explica o medo. Mas eu juro que na época que vi o filme (em VHS, mais ou menos por volta de 1990) encontrei muitas coisas interessantes, e um humor estranhíssimo que justificava o interesse. No arquivo de cotações, ele continua com três estrelas, como era na época - o que é muito acima da média do diretor.

Um Homem Meio Esquisito (1988), de Patrice Leconte

Eu me apaixonei por este filme quando o descobri na época em que fora lançado em VHS, pelo selo Belas Artes, da distribuidora da Abril (que confusão, não?). Estaria aceitando perfumaria? Rendido ao pior do circuito "de arte"? Ou o filme realmente é a obra-prima do Leconte, ou ao menos seu filme mais bem sucedido? Tem Sandrine Bonnaire, o que torna uma possível revisão um pouco menos arriscada.

Eu Sou o Senhor do Castelo (1988), de Régis Wargnier

Como podem perceber, os filmes que vi no começo da cinefilia (1989-1990) me dão mais receio do que os vistos em qualquer outra época. Apesar de eu me alimentar de informação e cultura em doses cavalares na época, não confio muito no senso estético que eu tinha. Aliás, para mim a apreciação de um filme tem o prazo de validade que varia entre dois e cinco anos. Depois disso, só dá para amitir algum juízo de valor que seja confiável com nova revisão. No caso deste filme de Wargnier, lembro bem que a fotografia me impressionou (como geralmente impressiona quem está iniciando na cinefilia), assim como a música de Prokofiev (Romeu e Julieta) e sua utilização no decorrer da narrativa. Jean Rochefort é um senhor ator, e também me impressionou. O receio é de que a fotografia seja sufocante demais, ou que a narrativa tenha algumas chantagens baratas.

... a continuar

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

O Beijo Amargo (The Naked Kiss, 1964), de Samuel Fuller * * * * *

Mesmo ficando um pouco abaixo de Casa de Bambu, Cão Branco, Quimono Escarlarte, Paixões que Alucinam, Pick Up on South Street, Eu Matei Jesse James e Baionetas Caladas, o filme nos reserva uma aula impagável de bom cinema:

Constance Powers entra no casarão do noivo, com o vestido para o casamento numa caixa de papelão. Percebe que uma gravação reproduz a canção que as crianças cuidadas por ela no hospital cantavam; anda um pouco para o outro cômodo e seu rosto se petrifica. O que ela viu? O contraplano que demora um pouquinho mostra um close da menina, que logo se dirige saltitante em direção à porta. Em seguida, um novo contraplano ao rosto já mais escandalizado do que petrificado de Constance mostra seu noivo, com cara de criança matreira que aprontou das suas. Novos cortes alternam a fúria de Constance com o pedido desastroso de compreensão do noivo. A cena termina com ele desfalecido, com o véu de noiva cobrindo seu rosto, seguido de alguns planos curtos de partes insólitas da casa, e de um plano último com Constance parada do lado do corpo. Era o caso de sair e pagar um novo ingresso.

Tudo é perfeito. O atraso do contraplano explicativo, a canção que produz uma estranha atmosfera de horror, a feição incriminadora do noivo, a pedra que toma o lugar do rosto de Constance por alguns segundos, sua entrada na casa - e sua percepção da gravação que estava sendo reproduzida, toda a movimentação dos atores no espaço, o close da garotinham - com algo meio desfocado cortando sua cara. É uma verdadeira aula, que me lembrou o começo de Pick Up On South Street, de um erotismo absurdo e indisfarçável.

sábado, 5 de janeiro de 2008

Ontem estreou, exclusivamente no HSBC Belas Artes, o melhor filme da primeira fase de Pedro Almodóvar: A Lei do Desejo. O flerte com o gênero suspense, e com Alfred Hitchcock, revelam um diretor antenado com as convenções, e esperto na hora de driblá-las. É o primeiro filme dele que explora ludicamente a linguagem cinematográfica - o que se tornará uma constante em sua obra - com efeitos de montagem primorosos como o dos olhos que se fundem às calotas do carro em alta velocidade, e quadros elaboradíssimos. Depois desse filme, se iniciaria uma fase de transição na qual Almodóvar parece indeciso entre o escracho e o melodrama, até que ele pendeu de vez para o melodrama, sempre temperado por um maneirismo fassbinderiano e pela falta de pudores em explorar as nuances mais obscuras de seus personagens (exemplo máximo: Fale com Ela, mas também Carne Trêmula e Tudo Sobre Minha Mãe). Vale rever A Lei do Desejo, que é de 1987, e comparar com o sussurrado Volver (uma beleza de contenção e domínio do ritmo), que esteve em nossos cinemas em 2006.

TOP 10 Almodovar:

1) Fale Com Ela (2002)
2) Carne Trêmula (1998)
Tudo Sobre Minha Mãe (1999)
Volver (2006)
5) A Lei do Desejo (1987)
6) Entre Tenieblas (1984)
7) Matador (1986)
8) A Flor do Meu Segredo (1995)
9) Atame (1990)
10) Que Fiz Eu para Merecer Isso? (1985)

obs: juro que tentei evitar o empate no segundo lugar, mas foi impossível.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Ontem fui conferir Meu Nome Não é Johnny, numa sala menor do Arteplex, que, diferentemente de todo o ano passado, estava bem cheia e ruidosa - o que me fez ver que há pelo menos uma vantagem na escassez de público dos cinemas. Esperava que não fosse tão ruim quanto o que disseram, mas encontrei um filme no mínimo simpático, com a que talvez seja a melhor interpretação do Selton Mello no cinema, no papel de João Guilherme, o mauricinho que resolve viver a vida à sua maneira mais hedonista, sem se preocupar com os meios financeiros para conseguir isso.

O filme de Mauro Lima é muito feliz especialmente na maneira com que faz coincidir a alienação do personagem com a do público (que pouco sabe além do que o personagem sabe). Nesse sentido, me pareceram problemáticas todas as cenas que se afastam do homem que nao é Johnny, mas João. Até sua prisão, essas cenas se limitavam a um flash de máquina fotográfica indicando que alguém o vigiava - um clichê do cinema, e a um ou outro comentário paralelo de amigos dele. Ainda assim, existe uma habilidade surpreendente na dramaturgia, no naturalismo dos xavecos e broncas dos personagens, nas gírias que pipocam por todo o filme. João não fala a gíria carioca da época (essencialmente anos 80, mas também começo dos anos 90), mas o que importa? Ele fala a gíria dele, uma mistura da que já existia com a que ele popularizava entre seus amigos. A dedicação do ator ao personagem é o maior trunfo do filme.

Depois da prisão, os problemas passam a se tornar mais freqüentes, geralmente nesse sentido de se afastar do protagonista, e uma das personagens mais problemáticas é a da juíza interpretada por Cássia Kiss, tida como linha dura, mas que na verdade é uma pretensa mãe, que se condoia de ver o bebêzinho Johnson (não Johnny) ali chorando na frente dela no tribunal. Mas quando mostra a casa dela fica evidente que o diretor não é bobo, já que a sala é muito parecida com a da casa dos pais de João, e é filmada da mesma maneira, com a câmera do lado de fora de um enorme vitrô. Pode ser simples coincidência, ou falta de criatividade na hora de planejar as cenas, mas não creio.

Acho bobeira entrar no assunto de que o cara é branco, bem nascido, e por isso teria melhores condições de se sair dessa situação humilhante. Isso é óbvio, e o cinema não tem obrigação alguma de trair a obviedade. Teria, sim, uma obrigação de fugir da explicação tematizante tosca como a frase da juíza (que aparece escrita no final do filme) falando da prova de que é possível recuperar um ser humano, porque aí existe uma implicação a mais que o filme parece ignorar, a de que o entorno social conta para que essa recuperação seja possível. No mais, toda a seqüência de João na prisão é bem decente, e não há condescendência com ele, a não ser na cena da surra do japonês. Já no hospício a coisa volta a desandar. Ainda bem que dura pouco. Um filme bem digno, apesar desses problemas. Entre duas e três estrelas, no padrão Paisà. Vamos ver para qual lado vai com o passar dos dias.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Reforçando:

Não foi nenhum comentário específico que me fez tirar o espaço. Mesmo achando que eles não sejam essenciais, sempre me divirto um bocado lendo os comentários (e mesmo achando que raramente eles fazem algo andar). Esqueci também de mencionar que este novo template já havia sido experimentado antes, mas recuei porque na época (meio do ano passado) não consegui colocar os comments do Haloscan. Como acho os do blogger muito ruins, além de que no meu computador demoram para entrar, acabou sendo mais um motivo para eu tomar essa decisão. Dois leitores me mandaram e-mail discordando da atitude, mas deixando entender que prometiam fidelidade (ainda bem); e um comentou comigo por telefone que talvez alguns entendessem que eu estava denegrindo os comentários deles. Pois reitero: não se trata disso. É só uma experiência, para tentar aumentar o número de posts, já que muitas vezes esqueci ou desanimei de postar por causa da diversão dos comments descontraídos.

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Um grande diretor argentino

Para completar o post, e retomar o assunto cinema, devo dizer que Silvia Prieto, de 1998, é o melhor filme de Martin Rejtman (ainda não vi Copacabana). Fiquei realmente impressionado com o humor desse filme, e com a maneira leve com que ele junta todas as pequenas histórias. Silvia Prieto é a perfeita simbiose entre o tempo bressoniano de Rapado, de 1991 - seu primeiro longa -, e o drama inusitado de Los Guantes Mágicos, de 2003, acrescido também de um humor ainda mais próximo de Tsai Ming-liang do que na estréia. Ah, o episódio do terno Armani em Silvia Prieto é um dos momentos mais geniais do cinema nos últimos vinte anos.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Bem-vindos ao novo Chip Hazard

Alguns esclarecimentos antes de seguir em frente:

1) A proposta. A visitação deste blog certamente aumentou desde o início da Paisà. Por isso, muitos leitores não devem saber com que propósito eu comecei a escrever aqui, em fevereiro de 2004. Naquela época, queria escrever mais para a Contracampo, mas o trabalho não deixava. Precisava praticar, já que a escrita pode enferrujar e eu lamentava não ter a mesma verve jornalística que tinha no colégio ou na faculdade (sim, era um ótimo aluno, e meu conhecimento de língua portuguesa era maior). Desde o final de 2005, meu ofício principal é ser crítico de cinema. Portanto, o blog, mais do que nunca, é necessário como o lugar onde as idéias podem ser elaboradas, melhoradas, descartadas, revisadas, o que for. Um blog esboço. Um blog laboratório. Nunca acreditei no Chip Hazard como um espaço de crítica de cinema. Sempre achei que sua vocação, ou melhor, a vocação de qualquer blog, é servir como propulsor, catalisador ou espaço embrionário de reflexões (que existiriam concretamente e melhor desenvolvidas em outro lugar). Obviamente, "regras" podem ser quebradas, e não será difícil eu tentar algo mais ambicioso por aqui. Mas quero deixar bem claro que não é a minha intenção inicial, apesar de não ser intenção também fechar as portas para qualquer coisa que possa enriquecer a leitura.

2) Comentários. Espero que os visitantes que tinham o hábito de comentar aqui não se sintam ofendidos com a supressão do espaço. Discordo radicalmente dos que argumentaram que o espaço de comentários é a área nobre, a razão de ser de um blog. Meus comentários em outros blogs (que continuarão existindo, já que esta é uma opção puramente pessoal), raramente me parecem essenciais, assim como 90% dos comentários em qualquer blog que eu conheça. Quanto maior a visitação do blog, maior a incidência de comentários supérfluos. O que não quer dizer que eu me divirta com eles, e seja parte de tudo. Só estou combatendo a opinião de que os comentários são a razão de ser de um blog. Não são, nunca serão. São espaços divertidos, que muito de vez em quando podem acrescentar, mas não são essenciais para nada. Mesmo as possibilidades de discussão podem existir de outra maneira (com textos de outros blogs que linkem a outros textos, emails no cabeçalho de cada post, encontros com leitores - que são de longe as respostas mais interessantes que eu recebi nestes quase quatro anos como blogueiro de cinema... ). Mas confesso que o estopim para que eu tomasse as decisões foram os anônimos que vira e mexe aparecem com comentários ofensivos (se bem que entrar como anônimo me parece sempre a maior ofensa). Não quero acionar a moderação de comentários porque sempre achei um saco ficar censurando, ou mesmo controlando a freqüência, além de que a idéia de ficar de plantão quando um comment aparece se assemelha ao apocalipse para mim. Prefiro cortar logo o espaço, e admitir que não é uma posição irreversível, mas apenas uma experiência. Eu mesmo sinto falta dos comments, e não me surpreenderia se eles voltarem ainda neste semestre. Em tempo: muito raramente recebo esse tipo de comentário. A decisão visa o futuro, já que pretendo postar muito mais em 2008.

3) Interação. O e-mail sealpendre@gmail.com existe há muito tempo como back-up de arquivos importantes, mas agora eu resolvi dar uma função mais nobre para ele, que servirá como espaço aberto para quem quiser se manifestar, discordar, me xingar, qualquer coisa está valendo. Sempre que algo interessante aparecer, eu publico em um post, ok? Sou aberto a críticas, e os que me conhecem sabem disso. Continuarei receptivo aos que gostam de comentar os posts quando me encontram. Sempre achei que o diálogo olhos nos olhos vale muito mais do que qualquer outra interação, mesmo com a característica mais tateante da linguagem verbal. Os que moram longe, ainda tem o espaço do e-mail. Mas eu nunca descarto encontros possíveis num futuro bem próximo. Será sempre um prazer.

Bem, era isso o que eu tinha para dizer. Espero que gostem do novo Chip Hazard, e aceitem a minha vontade de experimentar por aqui.

Feliz 2008 para todos.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Melhores filmes de 2007

Novo ano, novo blog. Prometo mais postagens, mais esboços, mais provocações, maior cuidado com a escrita, maior incidência de coisas que escapem um pouquinho do assunto cinema (mas só um pouquinho, ok?).

Sem comments, mas vou estudar um outro jeito de manter uma comunicação, nem que seja com um link para um endereço de e-mail no final da postagem ou na barra lateral do blog.

Começando com o inevitável balanço de 2007, que será breve, prometo.

A lista dos melhores segue o critério do prêmio Jairo Ferreira, ou seja, só foram considerados filmes que estrearam em São Paulo ou Rio de Janeiro no decorrer do ano (e aqui eu vou contar as estréias do dia 28 - que são fracas mesmo, não entrariam de jeito nenhum).

1- Em Busca da Vida - Jia Zhang-ke
2- Maria- Abel Ferrara
3- Anjos Exterminadores - Jean-Claude Brisseau
4- Medos Privados em Lugares Públicos - Alain Resnais
5- Cão sem Dono - Beto Brant e Renato Ciasca
6- Lady Chatterley - Pascale Ferran
7- Império dos Sonhos - David Lynch
8- Tropa de Elite - José Padilha
9- Cartola - Lírio Ferreira e Hilton Lacerda
10- A Comédia do Poder - Claude Chabrol

11- Antes Só do Que Mal Casado - Peter & Bobby Farrelly
12- O Hospedeiro - Bong Joon-ho
13- Não Por Acaso - Philippe Barcinski
14- O Sobrevivente - Werner Herzog
15- Os Donos da Noite - James Gray
16- Ligeiramente Grávidos - Judd Apatow
17- Estamos Bem Mesmo Sem Você - Kim Rossi Stuart
18- Ratatouille - Brad Bird
19- Antonia - Tata Amaral
20- Person - Marina Person

e a inevitável lista inflada de menções honrosas (sem ordem de preferência)

Fora do Jogo, 500 Almas, Quebra de Confiança, Jogo de Cena, Planeta Terror, Duro de Matar 4.0, O Engenho de Zé Lins, Viagem a Darjeeling, Mutum, Os Simpsons.

Comentário: fiquei feliz de ver um monte de filmes brasileiros aí em cima. São três entre os dez melhores, seis entre os vinte, e dez contando os filmes das menções honrosas. Já imaginava que nosso cinema estaria bem representado na minha lista final, mas me surpreendi com a quantidade que escolhi da lista de estréias.