sábado, 28 de agosto de 2004

Blade II é ainda mais referencial do que Hellboy, onde cada imagem parece homenagear alguém. Um belo momento: a referência a Rastros de Ódio, como Wesley Snipes pegando o Kristofferson no colo dizendo "Let's Go Home". Alguns trejeitos que seriam melhor explorados em Hellboy, inclusive o final surpresa pós resolução da trama. Bem melhor que o primeiro, sem dúvida, mas ainda aquém do que Guillermo Del Toro poderia fazer.

www.cineimperfeito.com.br

para reparar um grande esquecimento. Só ontem percebi que não tinha link aí do lado.
Dossiê Carlos Reichenbach imperdível.

E Garotas do ABC é bonito à beça. Um dos melhores dele. Até uma referência que poderia ser óbvia (a Fritz Lang) vira momento mágico. Pau a pau com Alma Corsária.

quarta-feira, 25 de agosto de 2004


o filme em questão


cena genial, filme idem.


donnie darko

hehe...prometo que um dia eu aprendo a mexer nesse troço das fotos.

Filmes que valem (ou não) um comentário:

Donnie Darko
Caí feito um patinho na picaretagem do estreante Richard Kelly. Filme com diversos momentos muito bons, principalmente pela capacidade do diretor de criar abstrações, como a do clipe logo no começo, e algumas coisas mal trabalhadas também, no romance com a esquisitinha e nas cenas do colégio. Nem sei se Jake é um bom ator, me parece que depende muito do papel e do diretor, mas neste filme ele convence, e muito. O clima de suspense criado em cima de Harvey, ops...Frank, o amigo imaginário é eficiente e o filme peca um pouco pela crença inflexível no destino. É meio como se todo o filme girasse em falso, pois é construído sobre uma hipótese descabida. Mas me engana que eu gosto. Fora que na trilha tem uma excelente versão para "Mad World", excelente canção do primeiro e genial disco dos Tears For Fears. Kelly é um diretor a se acompanhar.

Sexta-Feira Muito Louca
Mais um nome a ser seguido é o do diretor Mark Waters, cujo Meninas Malvadas pode ser tudo, menos desinteressante. Seu cinema sonha com a compreensão, com a aceitação de uma pessoa totalelmente diferente de você, e a partir dessa aceitação, com a mudança de si mesmo pela capacidade de aprender com as diferenças. Meninas Malvadas é mais bem acabado, mas aqui já se ficava clara essa preocupação humanista, antes de qualquer intenção de provocar o riso. Que vem, menos pelas gags do que por uma identificação meio envergonhada do absurdo que é nossa mente.

Olga
Disse no blog do Peerre que não ia mais escrever sobre o filme, pois o texto dele tá muito bom, assim como o do Werneck para a Contracampo, mas de uma maneira diferente. Pena que Monjardim, quando tem uma idéia razoável (copiar Scorsese e Fassbinder), o faz mal e porcamente. Alguém lembra de seus jogos com reflexos, que ficam até bonitos, mas são estragados por um corte hediondo; ou com a banalização do close, algo que não é exclusivo da TV, mas deve ser usado com parcimônia, ou ter uma proposta construída para isso (Cabo do Medo, de onde ele tirou os efeitos com o foco – além de Vivendo no Limite, no caso do efeito das bolas coloridas).

Eu, Robô
Um bom filme, principalmente da metade pro fim. Com um plano final de assustar, como há muito não se fazia. Sonny é especialmente fotogênico, e isso é um mérito evidente. Piscadelas a parte.

A Mocidade de Lincoln
Grande filme. Não é excessivamente reverente como eu havia percebido na primeira vez em que o vi. Filme que valoriza o contraplano de uma maneira absurda, que devia servir de lição para os Monjardins da vida.


segunda-feira, 23 de agosto de 2004

Terceira visão de Copacabana Mon Amour, que continuo achando bem inferior a Sem Essa Aranha. O desleixo formal incomoda mais que em qualquer outro filme (excetuando aqueles que são ruins) da épóca. Mas o que mais incomoda é uma sensação de não saber direito onde se quer chegar. Parece provocação e nada mais, e como tal, é talentosa, mas limitada. Lembro que o saudoso Jairo Ferreira não gostava da magia negra do filme, contrapondo-a a seu genial uso em Perdidos e Malditos, de Geraldo Veloso.
Curioso, não dou * * * pra nenhum do Sganzerla. Bandido, Mulher de Todos e Sem Essa Aranha são * * * *, Abismu é 0, Todos os outros são * *. Vamos ver se a revisão de seus filmes em cinema muda esse quadro.

Testemunha de Acusação (1958) – Billy Wilder * * * *
Increditável como Wilder subverte o que deveria ser um filme de tribunal, mas acaba sendo uma ode ao romance da terceira idade. O par romântico central é na verdade o advogado que acaba de sair do coma e sua enfermeira (Charles Laughton e Elsa Lanchester), e passa o filme se maldizendo. Mas no último e genial plano, saem abraçados do tribunal. Tyrone Power, o astro, passa o filme inteiro como corno manso, e depois revela-se como o mais mau-caráter. Dietrich (que não gostou de trabalhar com Wilder) começa como a sacana e termina como a passional injustiçada. Wilder subverteu até o whodonit habitual de Agatha Christie. Criou contra planos que renegam, ao mesmo tempo em que fingem enaltecer, o engenhoso estilo da escritora. Exemplo máximo nas cenas entre os advogados no escritório, todos vulneráveis (principalmente Laughton) à inspeção mental da câmera. Wilder se apega aos detalhes, mas separa-os da caracterização positiva que Agatha Christie usualmente fazia do personagem, para alçá-los como excentricidade pura e simples, sem que isso queira dizer habilidade de raciocínio (como o Laughton brincando com as pílulas). É o jogar xadrez como exercício para melhor jogar xadrez. E o que é aquele plano com a estátua da justiça em obras? Parece ter sido um delicioso acaso. Havia o perigo de tornar desinteressantes as cenas em que Laughton não estivessem, mas isso não aconteceu. A maestria de Wilder (que tinha uma enorme noção de enquadramento e de onde colocar a câmera, ao contrário do que muita gente pensa) consiste também no corte no momento certo. Ele dita o ritmo perfeitamente. E a decupagem alcança o sublime nas cenas do tribunal. Principalmente quando a câmera focaliza a enfermeira, ou quando está atrás do juiz, ou atrás da testemunha da vez. É aí que fica claro do que o filme trata. Poucas vezes um amor que que tem medo de aflorar, apesar das evidências, foi tão bem captado por uma câmera.

sábado, 21 de agosto de 2004

Meu Nome é Coogan (1968) - Don Siegel * * *
Adorável comédia, e desbragada, de Siegel. Com a clássica confrontação cowboy-urbano do cinema americano. Dá pra rir muito, e inclusive com Lee J. Cobb, inspirado como tenente de polícia. Depois o filme se perde um pouco no retrato da psicodelia. carrega nas tintas e perde o timing, mas continua como um bom policial. Se a troca de gêneros não foi operada tão bem como se esperava de Siegel, Clint está muito à vontade, e a trilha de Lalo Schifrin é muito bem explorada. Só havia visto o filme em cópia dublada.

One False Move (1991) - Carl Franklin * * * *
Pequena obra-prima que se insinua noir, e tem mesmo elementos do gênero, mas vai em direção oposta. Um brilhante ensaio sobre o desejo como algo norteador de toda a vida. caminhos que se tomam e nos tornam prisioneiros de um destino inglório. Um belo roteiro de Thornton, antes de virar xodó. Só o preconceito racial, quando explicitado, poderia ter um tratamento melhor, mas nada que comprometa a estrutura humanista do filme. Que aliás, fala de tantas coisas, sugere tantos caminhos, que fica difícil não acompanhar o diretor Franklin, mesmo depois do insatisfatório Out of Time (esqueci o nome em português). No começo, parece que a interpretação de Bill Paxton vai incomodar, mas depois terminamos achando-a muito boa, com seu jeitão caipira do Arkansas. E o plano final é um dos mais belos que vi nos últimos anos. Digno do melhor Eastwood. Ainda retomei contato com a música de Pete Haycock, líder de uma banda muito boa dos 60/70 chamada Climax Blues Band. A trilha, na maior parte composta por ele em seu modesto estúdio caseiro, é muito bonita. Acentua o clima de desolação, em contraposição à vida maluca de L.A.. Contraposição, aliás, muito bem explorada no desejo de Paxton de ser um policial de verdade, já que em sua pacata cidade ele nem precisava usar sua arma. Ajudando os tiras da California, ele se sentiria mais útil à sociedade, mais herói americano. Filme de sensações, antes de qualquer coisa.

Amores Expressos (1994) - Wong Kar-Wai * * *
Belo filme, sem dúvida. Trabalhado com uma noção estética bem peculiar, e algo devedora da estética buscada nos anos 80 (principalmente a francesa, de Carax e Beinex). O filme cresce muito quando entra em cena a maluquinha Faye, viciada em California Dreaming. E com o belíssimo final, com os afazeres do dia-a-dia sendo trocados como forma de se aproximar da pessoa amada.

quarta-feira, 18 de agosto de 2004

Achei este texto no meio dos meus arquivos. Pela data, acho que o escrevi pensando no texto enorme sobre ele para a Contracampo. Não sei por que abandonei essa linha, bem diferente da que acabei tomando. Talvez o texto ficasse melhor...

DAVID CRONENBERG

Cronenberg é filho de maio. Nasceu no dia 15, ano de 1943, auge da Segunda Guerra Mundial. Sua inspiração é norteada pelos ventos frios da primavera do hemisfério norte. Sua cidade natal, Toronto, queria pertencer aos Estados Unidos, dada a extrema voluptuosidade de sua cultura. Seu cinema parece apátrido, quando não toca no cerne da dualidade inglês-francês de seu país. Não é a toa que alguns de seus filmes, especialmente os primeiros, sejam ambientados em Quebec, onde a língua francesa se impõe. Cronenberg gosta da ambigüidade. Sente-se bem no território do "será que é isso mesmo" no qual seus filmes habitam. Falando em língua francesa, o médico de nome francês (Saint-Luc) de Calafrios, responsável pela saúde dos moradores de um condomínio numa ilha no Canadá francês, irrita-se com o casal de idosos que mal entendem seu inglês. Parece haver aí uma zombaria com a condição de Quebec de oásis francófono. Mas essa dispersão só seria possível até seu terceiro filme. À partir de Rabid (1977), seu cinema torna-se obsessivo e técnico, com uma frieza peculiar, como a de um cientista maluco que acredita ter a fórmula do melhor viver. Por isso a ciência está sempre presente em seus filmes, invariavelmente e acintosamente como propulsora de males involuntários que colocam o ser humano em risco. Mas o que é ser humano para Cronenberg?

sábado, 14 de agosto de 2004

Top 10 Godard: (se o blogger não sabotar novamente)

1) Pierrot le Fou
2) O Desprezo
3) Weekend
4) Passion
5) Elogio ao amor
6) Prénom: Carmen
7) O Pequeno Soldado
8) Alphaville
9) Alemanha Nove zero
10) JLG por JLG

quarta-feira, 11 de agosto de 2004

Below (2002) - David Twohy * *
É melhor do que os dois com Vin Diesel. Zé do Cinema tinha razão. O diretor consegue criar um clima claustrofóbico de primeira. Pena que a trama resolva-se de maneira meio tacanha quando eles escapam do submarino. Até então o filme estava sendo bem levado. Optou-se pelo descarte do sobrenatural, visto como um peso na consciência dos oficiais. Seria melhor ter assumido sua porção terror. E voltado a explorar os reflexos e sombras que existem pelo filme.

Efeito Borboleta - Eric Bress/J.Mackye Gruber (2004) *
" " Director's Cut (DVD) 0

(quem não viu, não leia. eu conto o final...um deles, que seja...hehe)

É muito estranho quando se arruma um jeito de voltar ao passado para consertar algo que deu errado e no final termina-se por desistir de sua própria existência. Pois o director's cut desse filme cult que ainda está em cartaz por aqui propõe exatamente isso. Na faixa de comentários, eles dizem, dando risada, que seria difícil uma platéia gostar de um final assim. Cada um dos diretores, no final que eles desejavam (se é que isso é pra ser levado a sério) beija uma das atrizes no final. Hummm...e ainda dizem que é bom ser diretor numa hora dessas...OK. Fica avisado que no próximo filme dos dois podemos encontrar belas mulheres, escolhidas a beijos...mas uma péssima crença no ser-humano. Nas duas versões, por exemplo, em um dos possíveis futuros que o personagem tem, ele vê sua mãe morrendo de câncer porque começou a fumar depois de um acontecimento envolvendo ele quando criança. Hummm...propaganda anti-tabagista. Filme simplório de dar dó, apesar de algumas sacadas interessantes nos movimentos de câmera.


quinta-feira, 5 de agosto de 2004

Sessão Dupla do Comodoro

Eu já havia visto Incubus, com certa dificuldade pois o DVD travou na hora que William Shatner pega a mão de Alysom Ames. Tive que progredir até o final com a velocidade em 1/4. Na revisão, ficou claro que não se apega ao filme por sua incursão no gênero terror, mas por sua elaboração formal, nada menos que fascinante, onde cada plano adquire uma força enigmática. Um trabalho com geometria dentro do plano e muitos contrastes de luz e sombra. Muito se deve a Conrad Hall, que assina a fotografia , mas, como bem disse o amigo Eduardo Aguilar, pouco sei onde acaba a idéia visual de Hall e começa a de Stevens, já que nada mais vi desse diretor.
Audition, o segundo filme, é o melhor trabalho de Takashi Miike entre os que vi. Gozu acho mais interessante do que bom (bem...na verdade, é BOM), com uma loucura bem-humorada e que deixa uma agradável sensação de que perdemos o sentido da coisa. Mas tem um ritmo um tanto equivocado, de um toque só, o que prejudica as cenas mais delirantes (pois não as vemos com tanto interesse como mereciam ser vistas). Sabu é filme de arte, acadêmico, mas muito bem filmado. Decepcionante porque se espera de Miike muito mais do que a simples convenção. Audition é outra coisa. Um filme que dá um nó em sua própria estrutura de filme romântico sensível - muito bem construída, diga-se de passagem - para entrar num onirismo que só tem paralelos atualmente em David Lynch. Pensei no genial Kyoshi Kurosawa, com seus planos rígidos para mostrar a incapacidade de se entender o sobrenatural. Mas Miike não se leva a sério. Brinca com o espectador a todo momento, como fica claro na hora em que o pé é decepado, onde a câmera só é colocada do lado de fora da janela para filmar o pé sendo jogado contra o vidro, deixando uma incômoda mancha de sangue. O riso é inevitável, mas tenso. Rimos do absurdo, da crueldade inusitada de uma menina tímida. Rimos sobretudo para afrouxar o crescente desespero em que a seqüência nos coloca.

segunda-feira, 2 de agosto de 2004

Filmes de julho (em itálico os revistos):

Shrek 2 - Andrew Adamson + 2 (Arteplex 6) *
Vento do Leste - Godard (CCBB) * * *
Brève Traversé - Caterine Breillat (DVD) * * *
Incubus - Leslie Stevens (DVD) * * *
Monster - Patty Jenkins (DVD) 0
Homem Aranha 2 - Sam Raimi (Bristol 1) * * *
Santa Sangre - Alejandro Jodorowski (Cinesesc) * * *
Cannibal Holocaust - Ruggero Deodato (Cinesesc) * * * *
Pickpocket - Robert Bresson (Cinesesc) * * * *
Os Amantes de Katie Tippel - Paul Verhoeven (DVD) * * *
O Quarto Homem - Paul Verhoeven (DVD) * * * *
As Damas do Bosque de Bologna - Robert Bresson (Cinesesc) * * *
Business is Business - Paul Verhoeven (VHS) *
Operação França - William Friedkin (DVD) * * *
Meninas Malvadas - Mark S.Waters (Bristol 4) * *
Robocop - Paul Verhoeven (DVD) * * * *
O Vingador do Futuro - Paul Verhoeven (DVD) * * *
Instinto Selvagem - Paul Verhoeven (DVD) * * *
Tropas Estelares - Paul Verhoeven (DVD) * * * *
Conquista Sangrenta - Paul Verhoeven (DVD) *
Antes do Amanhecer - Richard Linklater (DVD) * *
O Analista do Presidente - Theodore J. Flicker (DVD) * *
Confidence - James Foley (DVD) *
Sadomania - Jess Franco (DVD) *
Eclipse Mortal - David Twohy (DVD) *
A Batalha de Riddick - David Twohy (Bristol 7) *
Soldado de Laranja - Paul Verhoeven (DVD) * *
O Homem Sem Sombra - Paul Verhoeven (DVD) 0
Showgirls - Paul Verhoeven (DVD) * *
Zombie - Lucio Fulci (VHS) * * *
Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças - Michel Gondry (Bristol 1) *
Jogo de Sedução - Matthew Parkhill (Bristol 6) * *
Passion - Jean-Luc Godard (Top Cine 1) * * * *
Spartan - David Mamet (DVD) * *
Fantasmas de Marte - John Carpenter (DVD) *